Google busca 'sabor' latino-americano para crescer na região
Substituir Tim Armstrong no comando do Google nas Américas — o que inclui os Estados Unidos — não será um desafio fácil para Dennis Woodside. Além da sombra de um executivo respeitado e influente na indústria de mídia (tanto que foi contratado para revive
Publicado 23/07/2009 18:17
A mudança parece ter acontecido tão rápido que Woodside nem teve tempo de atualizar seu perfil no LinkedIn, rede social de perfil corporativo que tem mais de 43 milhões de usuários, e não pertence ao Google. “A experiência que trago é de ter feito negócios tanto em mercados emergentes quanto em mercados maduros em publicidade on-line, como o Reino Unido”, disse Woodside em entrevista exclusiva ao Valor durante sua primeira visita ao Brasil.
A viagem — que conta com escala na Argentina — visa deixar o executivo mais familiarizado com os mercados regionais. “Questões como o comércio eletrônico ainda estão engatinhando nesses países”, diz Woodside. “Há muito o que fazer.”
O Google não divulga o faturamento local, mas Alexandre Hohagen, responsável pela empresa na América Latina, costuma dizer que o crescimento da operação tem sido de três dígitos percentuais nos últimos anos. Por conta da crise, a expectativa é de que o número caia para dois em 2009.
Com 500 milhões de habitantes, a América Latina tem cerca de 160 milhões de usuários de internet, segundo a consultoria Everis. E quanto menos gente navegando, menor é a atração dos publicitários para levar suas campanhas no meio digital.
De acordo com a Pyramid Research, os anúncios on-line na América Latina responderam por 2% dos US$ 24 bilhões investidos em publicidade em 2008. A projeção é de que o volume chegue a 9% em 2013. No Brasil, o montante foi de 3,5% em 2008, com expectativa de chegar a 5% este ano.
A disputa pela preferência dos internautas na região é diferente e mais acirrada que nos Estados Unidos — a maior fonte de receita da empresa (47,7% no trimestre mais recente). Na América Latina, os sites do Google receberam em maio 1,4 milhão de visitantes a mais que os da Microsoft, a vice-líder na região, de acordo com a comScore. Nos Estados Unidos, a diferença no mesmo período mostrou uma vantagem de 5,7 milhões de visitantes sobre o Yahoo, o segundo colocado.
Para conquistar quem navega, a empresa tem apostado na inclusão de características locais para seus produtos. Foi isso que motivou a parceria com a Fiat para inclusão de imagens do Brasil no serviço Google Street View, feito no início do mês. Ano passado, boa parte da responsabilidade sobre o Orkut também veio para o Brasil.
No segundo semestre está prevista a chegada dos primeiros celulares com o sistema Android. Para 2010, a região também poderá receber simultaneamente com o resto do mundo produtos equipados com o ChromeOS, sistema operacional para netbooks anunciado no dia 15. “Nossa estratégia é contratar engenheiros e desenvolver produtos com características locais”, diz Woodside.
Para Abel Reis, presidente da Agência Click, um desafio para o Google no Brasil é acertar seu modelo de negócios com as agências de publicidade. Aqui, ao contrário de outros países, as agências atuam tanto na criação quanto na compra de espaço de mídia para campanhas. Marcelo Plais, vice-presidente do Interactive Advertising Bureau (IAB ): resume: “Não é o Google sozinho que faz o mercado de publicidade on-line crescer”.
Da Redação, com informações do Valor Econômico