Cinema nas periferias, a nova meta de Lula para a cultura
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a criação urgente de salas de cinema na periferia das grandes cidades. “É preciso ter uma determinação, e aí talvez seja uma combinação entre prefeitura, governo estadual e governo federal para fazer com que
Publicado 23/07/2009 23:05
Nesta quinta-feira (23), em São Paulo, Lula assinou o projeto de lei que criou o Vale-Cultura — a primeira política pública do governo voltada ao consumo cultural, que funcionará no mesmo molde do vale-refeição. Pelo projeto, os trabalhadores receberão R$ 50 por mês, em um cartão magnético, para comprar ingressos de cinema, de teatro, de museus e de shows, além de livros, CDs e DVDs, entre outros produtos culturais.
Descontraído durante a solenidade, realizada no teatro Raul Cortez, na sede da Federação do Comércio de São Paulo, Lula brincou com a atriz e cantora Zezé Mota, mestre-de-cerimônia do evento, que repetiu a leitura do nome dos presentes, entre os quais o da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. “A Zezé leu tantas vezes o nome da Dilma que, se tivesse aqui algum juiz eleitoral, a Dilma já estava prejudicada”, disse Lula, despertando risos da plateia.
No discurso improvisado, de mais de meia-hora, Lula explicou que preferiu evitar uma medida provisória. Para recuperar o tempo desperdiçado — já que a iniciativa demorou para ser formatada —, o projeto foi encaminhado com “urgência urgentíssima”, o que garante sua tramitação em até 45 dias.
Lula também disse que o mais difícil será a etapa depois da aprovação, uma vez que é preciso trabalhar para que os empresários saibam que ele existe. “Se ele não souber que tem, não utiliza”, declarou, observando que fazer valer a lei é um trabalho não só do governo — mas também de artistas e da “sociedade como um todo”.
Cinema
O presidente falou, em especial, sobre a situação do cinema nacional, que passa por excelente fase criativa mas não tem a distribuição que merece nem salas. As pessoas, disse Lula, sentem falta de opções de lazer, além da televisão, que oferece “um misto de coisas boas com a maioria de coisas ruins”. De acordo com ele, não é possível o cinema brasileiro produzindo “coisas de tão boa qualidade e a distribuição ser de tão má qualidade”, devido à falta de salas de exibição.
Lula lembrou que salas antigas — como o Cine Anchieta, em São Bernardo do Campo, que ele, Lula, frequentou quando era adolescente — foram transformadas em igrejas. A expansão das salas de cinema para as área periféricas das cidades poderá, segundo Lula, facilitar o acesso à produção cinematográfica.
Para Lula, é melhor levar o cinema para a periferia do que trazer a pessoa da periferia para ver um filme no centro da cidade. Nesse sentido, sugeriu que nos conjuntos habitacionais que serão feitos por meio do projeto Minha Casa, Minha Vida sejam construídas salas de cinema.
Críticas bem-vindas
Ao lado do ministro da Cultura, Juca Ferreira, confessou que não sabia o que fazer para resolver o problema das salas de exibição e convocou todos a sugerirem soluções. “Vocês tem um presidente da República que não se ofende com crítica”, afirmou, pedindo sugestões: “O Juca está com a caixa na mão. É só vir aqui e por as ideias no saco do Juca”.
Lula ainda brincou com o cineasta Fábio Barreto, que está filmando Lula — O Filho do Brasil, que conta a vida do presidente. “Cineminha como essas salas de shopping não, né, Barreto? Pra ver o meu filme, não pode ser uma salinha de 30 lugares.”