Exclusivo: Diretor de A Tarde diz que decisão do TJ é uma vitória da democracia
Em entrevista ao Vermelho, o diretor executivo do jornal A Tarde, Sílvio Simões, comenta sobre a decisão histórica do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que decidiu que o Governo do Estado deve pagar indenização ao veículo pelo boicote sofrido quanto à
Publicado 27/07/2009 14:43 | Editado 04/03/2020 16:20
A partir do parecer favorável do TJ-BA, embasada em argumentos de discriminação, o Governo foi condenado a pagar multa superior aos R$ 10 milhões, acrescidos de juros e correções monetárias.
Vermelho – O que essa vitória do Jornal A Tarde representa para a Bahia, tanto em termos de liberdade de imprensa quanto à autonomia de ações do Poder Judiciário?
Sílvio Simões – Estamos começando a construir, efetivamente, a cidadania, onde todas as expressões começam realmente a tomar corpo e exigir, da parte do estado, o cumprimento dos seus deveres para com cada um de nós.
V – O senhor atribui, então, essa nova mentalidade à gestão de Jaques Wagner?
SS – Acho que é a vitória de todos aqueles que acreditam numa sociedade mais democrática e mais justa; e Wagner e Lula são a expressão eleitoral dessa vontade política e social.
V – Como foi todo o processo de manutenção do A Tarde durante os anos do bloqueio do Governo?
SS – Nós sobrevivemos usando da capacidade de cada trabalhador do jornal, do seu esforço, da sua criatividade, sua capacidade de superação e na compreensão de que, obviamente, procuramos construir um jornal absolutamente plural, democrático e lado a lado com a maioria da população baiana e brasileira.
V – Quais critérios deveriam ser levados em consideração na distribuição das verbas oficiais de publicidade?
SS – Acredito que a distribuição das verbas oficiais de publicidade deve, realmente, ser técnica e profissional, permeando a capacidade de audiência que cada canal possa ter. Mas, ao mesmo tempo, também compreendo que tem que ter uma parcela de recursos para poder contribuir com os médios e pequenos veículos que, um dia, podem se emancipar. Sou a favor, portanto, de uma distribuição técnica e profissional, mas que estabeleça também um percentual às mídias menores como forma de colaborar para a sua emancipação, para que o país possa ter uma comunicação absolutamente plural e democrática, onde cada jornal possa ter a sua corrente de pensamento.
V – Qual a sua opinião, enquanto empresário bem sucedido da comunicação, sobre o processo de democratização da mídia?
SS – O grande problema do mundo da comunicação é que ele ainda não é plural como se deseja efetivamente para a cidadania. Nós temos jornais de grande circulação, com concepções ideológicas plurais, mas ainda se encontra, na maior parte dos meios de comunicação, uma certa unidade conservadora, que não tem a capacidade de descrever efetivamente, nas suas páginas, o grande anseio popular.
V – Qual o posicionamento do A Tarde quanto à realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação?
SS – Esse debate é fundamental e demonstra como o governo tem tentado construir e dar voz a uma comunicação que efetive a cidadania. Somos absolutamente a favor e, com certeza, vamos participar.
De Salvador,
Camila Jasmin