Exclusivo: Diretor de A Tarde diz que decisão do TJ é uma vitória da democracia

Em entrevista ao Vermelho, o diretor executivo do jornal A Tarde, Sílvio Simões, comenta sobre a decisão histórica do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), que decidiu que o Governo do Estado deve pagar indenização ao veículo pelo boicote sofrido quanto à

A partir do parecer favorável do TJ-BA, embasada em argumentos de discriminação, o Governo foi condenado a pagar multa superior aos R$ 10 milhões, acrescidos de juros e correções monetárias.


 


Vermelho – O que essa vitória do Jornal A Tarde representa para a Bahia, tanto em termos de liberdade de imprensa quanto à autonomia de ações do Poder Judiciário?


 


Sílvio Simões – Estamos começando a construir, efetivamente, a cidadania, onde todas as expressões começam realmente a tomar corpo e exigir, da parte do estado, o cumprimento dos seus deveres para com cada um de nós.


 


V – O senhor atribui, então, essa nova mentalidade à gestão de Jaques Wagner?


 


SS – Acho que é a vitória de todos aqueles que acreditam numa sociedade mais democrática e mais justa; e Wagner e Lula são a expressão eleitoral dessa vontade política e social.


 


V – Como foi todo o processo de manutenção do A Tarde durante os anos do bloqueio do Governo? 


 


SS – Nós sobrevivemos usando da capacidade de cada trabalhador do jornal, do seu esforço, da sua criatividade, sua capacidade de superação e na compreensão de que, obviamente, procuramos construir um jornal absolutamente plural, democrático e lado a lado com a maioria da população baiana e brasileira.


 


V – Quais critérios deveriam ser levados em consideração na distribuição das verbas oficiais de publicidade?


 


SS – Acredito que a distribuição das verbas oficiais de publicidade deve, realmente, ser técnica e profissional, permeando a capacidade de audiência que cada canal possa ter. Mas, ao mesmo tempo, também compreendo que tem que ter uma parcela de recursos para poder contribuir com os médios e pequenos veículos que, um dia, podem se emancipar. Sou a favor, portanto, de uma distribuição técnica e profissional, mas que estabeleça também um percentual às mídias menores como forma de colaborar para a sua emancipação, para que o país possa ter uma comunicação absolutamente plural e democrática, onde cada jornal possa ter a sua corrente de pensamento.


 


V – Qual a sua opinião, enquanto empresário bem sucedido da comunicação, sobre o processo de democratização da mídia?


 


SS – O grande problema do mundo da comunicação é que ele ainda não é plural como se deseja efetivamente para a cidadania. Nós temos jornais de grande circulação, com concepções ideológicas plurais, mas ainda se encontra, na maior parte dos meios de comunicação, uma certa unidade conservadora, que não tem a capacidade de descrever efetivamente, nas suas páginas, o grande anseio popular.


 


V – Qual o posicionamento do A Tarde quanto à realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação?


 


SS – Esse debate é fundamental e demonstra como o governo tem tentado construir e dar voz a uma comunicação que efetive a cidadania. Somos absolutamente a favor e, com certeza, vamos participar.


 


De Salvador,


Camila Jasmin