Ministro da Diáspora do Senegal é cidadão de Salvador
“Estou muito feliz por ser um cidadão da cidade do Salvador, capital mais negra do mundo depois da África”, declarou o ministro da Diáspora do Senegal, Amadou Lamine Faye, no Plenário da Câmara de Vereadores, durante solenidade, na noite desta quarta-feira (12/8), que lhe concedeu o título de cidadão da capital baiana. A homenagem foi feita pela presidente da Comissão de Educação e Cultura, vereadora Olívia Santana (PCdoB).
Publicado 13/08/2009 17:48 | Editado 04/03/2020 16:20
O ministro senegalês destacou que a iniciativa, vindo de uma mulher negra, dedicada à luta pela dignidade do povo negro, é algo muito especial, que não esperaria tão cedo. “Esse título dá a minha missão, como conselheiro da diáspora, novas exigências a mais no trabalho”, enfatizou. Lamine defendeu ainda a importância da aliança pan-africanista para o fortalecimento econômico, tecnológico e cultural da África. “A visão geopolítica partilhada pelos presidentes Lula e Addoulaye Wade sobre a causa pan-africanista deve ter o empenho de todos os povos negros. “Sinto-me mais incentivado a trabalhar pela aproximação entre Salvador e Dakar”, disse.
O ministro Edson Santos, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), salientou a que a atitude de Olívia Santana é uma homenagem da Bahia e do Brasil ao continente africano. “Entendo como muito importante a concessão do titulo a Lamine, pois ganha dimensão nacional, indo ao encontro da política do governo Lula, na busca de relações diplomáticas de aproximação com a África”, declarou.
Em seu pronunciamento, Olívia Santana destacou que a homenagem se deu especialmente porque a Diáspora do Senegal tem muito a ver com a formação da cultura afro-brasileira. “Há quatro anos o ministro Lamine Faye vem procurando aproximar as relações entre Salvador e Dakar, pelo perfil que esses povos têm em comum. Nada mais justo que homenageá-lo como cidadão de Salvador”, salientou, acrescentando que o título é o desejo de selar acordos de cooperação entre Salvador e Ilha de Goré.
Olívia acrescentou ainda que o Brasil tem uma dívida histórica com o povo negro, e que precisa assumir a reparação com o continente africano. “A data da homenagem, 12 de agosto, celebra a Revolução dos Búzios, Alfaiates, na luta pela afirmação da história dos negros contra a servidão”, acentuou a vereadora.
Intervalos para música
O evento foi intercalado com apresentações musicais percussivas feitas pelo grupo Ókánbi, interpretando o hino da África do Sul, seguidas pela performance artística de Negra Jô, encerrando a solenidade na voz de Tonho Matéria, cantando o sucesso Pro Senegal, do Olodum.
O evento presidido pela vereadora Vânia Galvão, contou com as presenças do segundo conselheiro da Embaixada do Senegal, no Brasil, Moustpha Ndour, o diretor do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB), Pola Ribeiro, o presidente do Olodum, João Jorge, o músico Tonho Matéria, Gilberto Leal, da coordenação de entidades negras Pró-Fesman 2009, Alaíde do Feijão, Alex Reis, da Secretaria Especial de Políticas Públicas para a Igualdade Racial (Seppir), dentre outras personalidades.
Lamine Faye é jornalista e escritor, de ideologia panafricanista. No Senegal, o Ministro atua como conselheiro do governo sobre políticas para a integração da diáspora africana como 6ª região da União Africana. Faye promove o intercâmbio sócio-cultural de entidades negras da diáspora com as semelhantes na África, em geral, e no Senegal, em particular.
O Ministro participa ativamente de ações que promovam o intercâmbio entre as duas nações. Em Salvador, ministrou palestras na UFBA, na Casa do Benin, participou do Carnaval, visitou diferentes grupos culturais, estabeleceu parceria entre a Aliança Panafricanista e os grupos afros Okanbí e Ilê Aiyê, as entidades Unegro e o Instituto Mídia Étnica.
Fonte: Ascom do gabinete da vereadora Olívia Santana