Suspeitas de fraude na eleição afegã ganham força
As suspeitas de fraudes na eleição presidencial afegã ganharam força, depois que milhares de votos foram anulados, ao mesmo tempo que cresce a preocupação do Ocidente com o futuro di país.
Publicado 07/09/2009 16:18
Com o avanço da apuração do pleito de 20 de agosto, o atual presidente Hamid Karzai se aproxima dos 50% necessários para evitar o segundo turno contra o ex-chanceler Abdullah Abdullah.
Mas a credibilidade do resultado se vê minada por acusações de fraude e intimidação por parte dos partidários de Karzai.
Segundo os últimos resultados parciais anunciados domingo, Karzai tem 48,6% dos votos, contra 31,7% para Abdullah.
Mas quase 200.000 votos foram anulados por fraude, segundo a comissão eleitoral.
Zekria Barakzai, diretor adjunto da comissão, afirmou que funcionários detectaram a maior parte dos votos fraudulentos nas províncias meridionais de Paktika, Ghazi e Kandahar, redutos de Karzai.
Barakzai destacou que muitas cédulas foram marcadas com lápis a favor do mesmo candidato.
O ex-chanceler Abdullah afirmou que grande parte da fraude cometida favorece Karzai e ameaçou não reconhecer o resultado.
Segundo o jornal New York Times, partidários de Karzai instalaram centenas de seções eleitorais fictícias, nas quais ninguém votou mas foram registradas milhares de cédulas favoráveis ao atual presidente.
O resultado final não deve ser divulgado antes de 17 de setembro.
Ao mesmo tempo, os talibãs continuam fazendo vítimas entre as forças internacionais.
No domingo, quatro soldados da força da Otan no Afeganistão (Isaf) morreram em ataques no sul do país. Nesta segunda-feira, um foguete lançado contra uma casa em Cabul matou três membros da mesma família.
Em entrevista ao jornal francês Le Figaro, Karzai afirma que espera manter conversações de paz com os talibãs nos 100 primeiros dias de seu mandato se for confirmado como presidente por outros cinco anos.
No entanto, insistiu que não negociará com nenhuma facção que se recusar a cortar os vínculos com a Al-Qaeda ou não respeiar a Constituição.
As suspeitas de fraude também têm efeito no Ocidente. Nos Estados Unidos e Europa, as pesquisas mostram um apoio cada vez menor à intervenção militar no Afeganistão.
Mais de 300 soldados estrangeiros morreram no país asiático no decorrer do ano, contra 294 em todo 2008. Alemanha, Grã-Bretanha e França, que enfrentam uma opinião pública hostil, anunciaram planos para celebrar uma conferência internacional sobre o Afeganistão no fim do ano.
Fonte: AFP