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Caravana da Anistia chega em SP e julga 14 processos

Aprender com os próprios erros e acertos é o pensamento seguido por Antonio Carlos Fon, combatente da ditadura militar, ex-preso e torturado e um dos organizadores do primeiro ato público pela anistia no Brasil. O jornalista é um dos 14 paulistas que terão os requerimentos julgados nesta sexta-feira (11), em São Paulo, durante a 27ª Caravana da Anistia. A sessão de julgamento, realizada pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, ocorre às 14 horas, no Memorial da Resistência.

Em 1978, Antonio Carlos liderou uma manifestação durante uma partida de futebol. A bandeira levantada pelos torcedores corintianos durante um clássico paulista dizia: “Anistia, ampla, geral e irrestrita”. Hoje, 31 anos depois, o jornalista pede o reconhecimento formal de que o Estado brasileiro errou ao perseguir politicamente seus cidadãos.

Desde 2001, a Comissão recebeu mais de 64 mil pedidos de anistia política. Para agregar mais transparência a seus trabalhos e aproximar os jovens da cidadania, o órgão criou o projeto Caravana da Anistia e, desde 2008, passou a julgar processos nos locais onde os direitos foram feridos – antes, todos os requerimentos era apreciados em Brasília.

A Caravana já percorreu 15 estados das cinco regiões do país, apreciando cerca de 500 processos. Além disso, foram realizadas sessões de homenagem a brasileiros que tiveram papel fundamental na luta pela democracia, como o ex-presidente João Goulart e os ex-governadores Leonel Brizola e Miguel Arraes.

O projeto volta a São Paulo, desta vez em parceria com a Pinacoteca e o Fórum dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do estado.

Serviço

27ª Caravana da Anistia
Local: Memorial da Resistência, auditório da Estação Pinacoteca – Largo General Osório, 66 – Centro – São Paulo (SP)
Data: 11/09/2009
Horário: 14 horas

Balanço da Comissão de Anistia

Julgamento

A 27ª Caravana da Anistia vai analisar os processos dos seguintes requerentes:

Aurélio Peres – Operário da Empresa "Grupo Schaeffler" teria sido obrigado a abandonar o trabalho e entrar para a clandestinidade em razão de suas atividades na Ação Popular Marxista-Leninista (APML). Além disso, foi preso e torturado.

Carlos Alberto Gonçalves Leite – Membro do PCdoB enquanto estudante de Geologia da Universidade de São Paulo (USP), envolveu-se na luta estudantil. Após ser preso pelo DOPS e condenado, foi para Uruguai, Chile e Equador.

José Pedro de Araújo – Membro do PCdoB, foi preso em virtude de participação no movimento grevista dos metalúrgicos de Osasco em 1968.

Maria Bernarda da Silva Neves – A requerente foi perseguida como militante da Ação Popular, presa pela Operação Bandeirantes, torturada e demitida de seu emprego, em virtude de motivação exclusivamente política

Emílio Rubens Chassereux – Pároco no município de Santo André, foi preso pela primeira vez em maio de 1968 dentro da Casa Paroquial, concomitantemente à invasão de sua casa pelo Delegado Fleury. Após este episódio, foi preso novamente por diversas vezes.

Valcira Teodoro Correa – esposo da requerente foi demitido pelo Ato Institucional nº 1, de 09/04/1964. Recebe pensão por morte de anistiado e solicita a diferença do que acredita que deveria estar recebendo.

Cecília Vieira Fernandes – esposo da requerente foi demitido pelo Ato Institucional nº 1, de 09/04/1964. Recebe pensão por morte de anistiado e solicita a diferença do que acredita que deveria estar recebendo.

Tacilio Bertola – Sindicalista demitido em razão de suas atividades políticas, já anistiado pelo Ministério do Trabalho, porém sem receber indenização.

Joaquim dos Santos – Militante da VAL-Palmares, foi preso, torturado e respondeu a inquérito policial militar. Teria perdido emprego em virtude das perseguições sofridas

Antônio Carlos Fon – Jornalista. Membro da ALN. Foi preso em setembro de 1969 quando chegava em casa, sob a acusação de esconder armamento e explosivos. Trabalhou na Revista Veja, na qual passou a escrever artigos denunciando a ditadura. Respondeu a inquérito pelas matérias publicadas. Foi preso novamente em 1979 e demitido da Editora Abril.

Liuco Fuji – Nutricionista, militante da Ação Popular Marxista-Leninista (APML). Apresenta prisão e tortura.

Rosalina de Freitas Anselmo – esposa de perseguido político, foi obrigada a exilar-se em Cuba.

Darcy Rodrigues de Freitas – natural de Cuba, filho de perseguido político, pede anistia pelas dificuldades que teve em conseguir nacionalidade brasileira.

Jorge Carlos Rodrigues de Freitas – natural de Cuba, filho de perseguido políticos, pede anistia pelas dificuldades que teve em conseguir nacionalidade brasileira.

Fonte: Ministério da Justiça