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Zelaya deve ficar na embaixada até posse de Porfírio Lobo

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, eve permanecer na Embaixada Brasileira em Tegucigalpa até o dia 27 de janeiro, quando tomará posse o presidente Porfirio Lobo, informou a Frente Nacional de Resistência Popular de Honduras.

Em entrevista concedida à agência Efe, a Frente, que protesta desde que foi dado o golpe de Estado pela restituição de Zelaya, relatou ter presenciado uma reunião ontem (19) entre o presidente deposto e diplomatas brasileiros para discutir quando ele deixaria a embaixada.

"Com essa atitude dos golpistas de não querer largar o poder, não acreditamos que o presidente Zelaya saia antes de 27 de janeiro, nem que ele se preste a isso só para legalizar a cerimônia da transferência de poder", disse o secretário-geral da Frente, Juan Barahona.

O chefe do governo golpista, Roberto Micheletti, voltou a afirmar nesta semana que entregará o poder em 27 de janeiro a Lobo, eleito no dia 29 de novembro passado.

"Levar o presidente Zelaya em 27 de janeiro ao Estádio Nacional [à transferência de poder]seria uma burla para o povo hondurenho", disse Barahona. Segundo ele, a Frente deve realizar hoje uma assembleia popular em Tegucigalpa para revisar o trabalho de organização em todo o país e seguir exigindo a restituição do presidente deposto ao poder.

A transferência de poder em 27 de janeiro, segundo Barahona, será feita em um ambiente de ilegalidade. Assim como a Frente, países como Brasil, Venezuela e Argentina não reconhecem as eleições hondurenhas, que foram realizadas por um governo golpista, em ambiente de repressão e até mesmo com suspensão das garantias legais em alguns momentos.

Greve

Centenas de pessoas que trabalharam como mesários nas eleições protestaram ontem na frente do TSE (Tribunal Supremo Eleitoral), pois ainda não receberam o pagamento. O TSE, segundo os jornais hondurenhos El Tiempo e El Heraldo, haviam prometido pagar até quinta-feira (17).

Violência

Um membro da Frente de Resistência , Carlos Turcio, foi assassinado em Baracoa, no departamento de Cortes, a 280 quilômetros da capital Tegucigalpa, de acordo com uma denúncia feita pelo Comitê para a Defesa dos Direitos Humanos em Honduras (CODEH).

Carlos Turcio, vice-presidente do movimento, desapareceu na última quarta-feira (16). Segundo o presidente do CODEH, Andrés Pavón, quem fez a denúncia do assassinato, o corpo foi encontrado com ferimentos, decapitado e com as mãos mutiladas.

Um documento emitido pelo CODEH relata que vários homens armados e vestidos com uniformes da Direção Nacional de Investigação Criminal teriam sequestradoa vitima em sua casa em Choloma.

Em Honduras, as organizações defensoras de direitos humanos registraram 42 casos de vítimas de repressão, perseguição política e sequestro durante a ditadura, chefiada por Roberto Micheletti.

No domingo passado, outro ativista da resistência, Walter Tróchez, foi encontrado morto. No dia12 de dezembro, outro membro, Santos Corrales García, foi decapitado. O CODEH acredita que a responsabilidade é da polícia, já que tais vitimas foram vistas sendo presas por pessoas com uniforme de policiais. Em entrevista à imprensa hondurenha, que, em sua maior parte apoia o governo Micheletti, porta-vozes da polícia negam tais acusações, mas afirmam que vão investigar.

Fonte: Opera Mundi