Desenvolvimento desigual: China deve crescer 9,5%, prevê BIRD
Pelo andar da carruagem, os ventos do desenvolvimento desigual das nações continuarão soprando a favor da China em 2010. Depois de crescer 8,7% em 2009, superando as expectativas mais otimistas, a economia do país deve aumentar o ritmo de produção e fechar este ano com uma expansão de 9,5%, se for confirmada a previsão do Banco Mundial (BIRD), divulgada nesta quarta-feira (17).
Publicado 17/03/2010 15:44
Na opinião dos economistas do BIRD, o desempenho deve ser atribuído ao que seria um novo modelo de crescimento, caracterizado por menos investimentos conduzidos pelo governo, recuperação das exportações e fortalecimento do mercado interno.
Segundo informações da agência oficial Xinhua (divulgadas pelo Valor online), a projeção é superior à estimativa do banco divulgada em novembro, de crescimento de 8,7%, bem como à meta do governo, de 8%. Em 2010, os investimentos conduzidos pelo governo devem se desacelerar, as exportações devem manter a recuperação, em meio à melhora da economia global, e o consumo deve continuar sólido " , disse Ardo Hansson, economista-chefe do banco para a China.
Contraste
É flagrante o contraste do desenvolvimento chinês com o comportamento das economias nas chamadas potências ocidentais. Nos EUA, onde a recessão ainda não foi vencida, o PIB caiu 2,4% no ano passado e a recuperação é frágil e raquítica. O FMI prevê um avanço de apenas 1,5% da produção neste ano e o desemprego continuou avançando no primeiro bimestre.
Na zona do euro, que reúne 16 países europeus, a situação é ainda mais dramática. A economia encolheu mais de 4% no passado e espera-se para 2010 um ano de estagnação, com variação entre -0,5% a 0,9%. O nível de desemprego deve superar 10%.
O contraste nas taxas de crescimento vem sendo observado há décadas. A China mantém uma expansão média de cerca de 10% do PIB a.a desde 1978, com a vantagem de ainda não haver amargado as recessões que caracterizam as crises cíclicas nos países capitalistas. Em contrapartida, o crescimento médio nos EUA e outras potências ocidentais girou em torno de 2%, uma performance que pode ser considerada medíocre. Tudo isto ajuda a explicar o crescimento das hostilidades contra a China nos EUA (veja a respeito matéria sobre ameaça de guerra comercial entre as duas potências).
Investimento imobiliário
Ainda de acordo com o boletim do Banco Mundial, o investimento no setor imobiliário ganhou proeminência mais recentemente e o crescimento da compra de casas no país tem se sustentado, informou a Xinhua.
A principal agência de estatísticas da China revelou, em 11 de março, que o investimento no setor imobiliário cresceu 31,1% nos primeiros dois meses do ano contra igual período do calendário anterior, para 314,4 bilhões de iuane.
A economia chinesa manteve a trajetória de crescimento nos primeiros meses de 2010, movida pelos estímulos aos investimentos, segundo o BIRD.
O Banco Mundial também previu que a inflação deve crescer em 2010, mas não deve alcançar taxas altas, por conta de um excessivo volume global de estoques. A expectativa é de que o índice de preços ao consumidor aumente entre 3,5% e 4% em 2010, na comparação com a previsão anterior, de 2,8%. Já a meta do governo chinês era de uma alta de 3%.
As diferenças nas taxas de crescimento também tendem a alterar a relação entre países ricos e pobres no ranking da produção mundial, favorecendo os últimos. O Banco Mundial previu um crescimento de 2,7% da economia mundial em 2010, com as economias emergentes expandindo 5,2%, depois da retração de 2,2% no ano passado.
Da redação, Umberto Martins