Colômbia: irregularidades na hora do voto e atraso na apuração
Uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) que supervisionou as eleições legislativas do último domingo na Colômbia denunciou que houve compra de votos, circulação de dinheiro e desrespeito ao voto secreto. Quatro dias após o pleito, ainda não se sabe o resultado final da disputa e não param de acontecer problemas na apuração.
Publicado 18/03/2010 18:21
A compra de votos foi constatada por membros da Missão de Observação Eleitoral da OEA nos departamentos (estados) Atlántico, Bolívar, Magdalena (norte), Cundinamarca (centro), Nariño (sul, fronteira com o Equador) e Norte de Santander (noroeste, fronteira com a Venezuela), informou um relatório entregue à imprensa.
"Essa prática não se concentra em um só partido", disse o chileno Enrique Correa, chefe da missão, em uma coletiva de imprensa. Segundo Correa, a compra de votos não apenas ocorreu com dinheiro, mas também mediante à oferta de alimentos e bolsas de estudos.
Em diversas localidades do departamento de Cundinamarca, os observadores da OEA constatam que se pagava um sanduíche e 20 mil pesos (10 dólares) por voto, segundo o relatório. A OEA também chamou a atenção para a falta de garantias logísticas para preservar o voto secreto, o que, segundo Correa, favorece a compra.
Demora na apuração
Para além das denúncias de irregularidades, a apuração dos votos também está sendo um problema na Colômbia. O Partido Conservador da Colômbia (PCC) deverá esperar até amanhã para conhecer seu candidato à Presidência nas eleições de maio como consequência de uma série de dificuldades na contagem de votos.
O presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Marco Emilio Hincapié, explicou a jornalistas que os resultados finais da consulta do PCC não poderão ser divulgados até que os dados das eleições regionais cheguem a Bogotá, o que, segundo ele, deve acontecer nesta sexta-feira.
Diante desta situação, a incerteza dos candidatos favoritos dos conservadores, o ex-ministro da Agricultura Andrés Felipe Arias e a ex-embaixadora Noemí Sanín, se prolongará por mais um dia.
O Partido Verde também ofereceu aos seus eleitores no pleito do último domingo a chance de escolher seu candidato presidencial. Ao contrário dos conservadores, os verdes souberam ainda no domingo que Antanas Mockus, ex-prefeito de Bogotá, disputará a Presidência colombiana pela legenda em 30 de maio.
Segungo Sánchez, a demora no caso conservador se deve ao complexo sistema de votação, às dificuldades apresentadas por sua apuração e a problemas com a empresa que processou os dados eleitorais.
Sánchez também explicou que, de todas as consultas das quais os colombianos participaram no último dia 14 – também houve eleições legislativas e para o Parlamento Andino -, os últimos votos a serem contabilizados foram os para a candidatura do PCC.
Os trabalhos de apuração foram interrompidos ontem após os confrontos ocorridos em Bogotá entre os seguidores dos candidatos e também por causa de problemas nos computadores da entidade responsável pelo pleito.
Por isso, Sánchez anunciou hoje que a Registradora Nacional do Estado Civil (órgão encarregado do registro e organização do pleito) contratou outra empresa para assumir o sistema de software de apuração nos departamentos (estados) colombianos que ainda não entregaram seus números.
Embora Sánchez tenha garantido que a empresa já está estabelecida, o certo é que em alguns locais, como Bogotá, os juízes não haviam conseguido retomar seus trabalhos até por volta das 12h locais de hoje por causa de atrasos na instalação da nova companhia.
O diretor do Conselho Eleitoral explicou que alguns departamentos já enviaram seus dados, como Caldas, Cundinamarca e Meta, na região central; e Guainía e Vaupés, no sudeste.
"Mas estamos esperando a consolidação dos números de alguns municípios de Antioquia (noroeste), Bolívar (norte) e Caquetá (sul) para consolidar os resultados departamentais", explicou Hincapié.
O presidente do Conselho Eleitoral Nacional não quis antecipar resultados antes da apuração de todas as urnas do país. "Em Medellín, há um resultado apertado entre Noemí (Sanín) e (Andrés Felipe) Arias, mas somente quando todo o departamento estiver consolidado, serão divulgados os resultados finais departamento a departamento e os consolidados nacionais", explicou.
De domingo até agora, só foram anunciados os resultados das eleições para o Senado e da candidatura do Partido Verde. O Executivo colombiano mostrou seu descontentamento com a gestão da Registradora Nacional e sua inquietação rumo às eleições presidenciais. O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, questionou as "falhas" levando em conta o orçamento dado ao órgão neste ano, 23% superior do que o do pleito de 2006.
Com agências