Prefeitos da Baixada Santista enviarão nota de repúdio contra EUA
O Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) vai enviar uma nota de repúdio ao consulado estadunidense por causa da orientação dada pelo Conselho Assessor de Segurança no Exterior, ligado ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que recomenda aos estadunidenses que evitem viajar para quatro das maiores cidades da Baixada Santista — Santos, Guarujá, São Vicente e Praia Grande — por causa de uma onda de violência ocorrida na semana passada.
Publicado 28/04/2010 16:33
Presidente do Condesb, o prefeito de Bertioga, Mauro Orlandini (DEM), abriu a reunião do grupo, realizada na terça-feira (27) na Agência Metropolitana da Baixada Santista (Agem), chamando o comunicado de "preconceituoso, difamatório e altamente negativo para a imagem da região". Ele sugeriu que as Câmaras Temáticas de Segurança e Turismo se reúnam para debater o assunto e buscar providências para tornar público o descontentamento das administrações municipais diante deste fato.
A prefeita do Guarujá, Maria Antonieta de Brito (PMDB), afirmou que a violência urbana não é uma realidade do Brasil, mas uma realidade mundial, inclusive dos Estados Unidos. "No mínimo, é indelicado querer orientar uma população a ter uma postura como essa, porque você não causa medo somente ao turista, você também traz uma insegurança a todos aqueles que moram no estado de São Paulo e frequentam Santos, Guarujá, São Vicente e Praia Grande", disse a prefeita, completando que foram por causa de "fatos isolados" que a polícia reforçou a segurança na região. Antonieta disse ainda que a Prefeitura do Guarujá vai encaminhar um ofício ao Consulado dos Estados Unidos com esta postura.
Para o prefeito de Santos, João Paulo Tavares Papa (PMDB), a recomendação do consulado foi "genérica, abrangente e alarmista" e destacou que os índices de segurança pública de Santos estão entre os melhores do estado e do país.
"A cidade de Santos ostenta hoje os melhores índices em termos de segurança entre as cidades com mais de 400 mil habitantes do estado de São Paulo. Nós somos a primeira, a melhor colocada. Se compararmos com as cidades acima de 300 mil habitantes, estamos em segundo lugar, com um número bem próximo da que fica em primeiro. Enfim, entre as cidades médias e grandes de São Paulo, Santos continua sendo a mais segura doeEstado e uma das mais seguras do país, por isso essa recomendação não está sintonizada com a nossa realidade", disse Papa, completando que aparentemente a onda de violência se tratou de "uma disputa entre personalidades do mundo do crime". "Isso é fato, nós não vamos negar. Agora, há controle absoluto em termos de segurança pública."
Pautado pelos EUA, governo paulista manda polícia
O governo paulista determinou que a Polícia Militar reforce a partir desta quarta-feira o policiamento nas quatro maiores cidades do litoral paulista, movido pela orientação dada pelo Conselho Assessor de Segurança no Exterior dos Estados Unidos
A PM revelou que os municípios de Santos, São Vicente, Praia Grande e Guarujá receberão 200 homens do Batalhão de Choque da PM, após a ocorrência de 23 mortes desde o dia 18 de abril. Ataques podem ter sido motivados pelo PCC ou por disputas entre gangues locais.
Mais de 20 pessoas foram assassinadas na Baixada Santista desde o dia 18. A divulgação da nota pelo governo americano no Brasil fez com que o comércio fechasse mais cedo e a rede hoteleira do Guarujá registrasse perdas com o cancelamento de reservas: a taxa de ocupação de hotéis no fim de semana foi de 20%, abaixo da média para época, de 40%.
Segundo o comunicado do conselho de segurança no exterior americano (Osac, na sigla em inglês), divulgado na sexta-feira passada, os cidadãos devem evitar visitar as quatro cidades até que a situação "esteja resolvida".
De acordo com o comandante da PM de Santos, Sérgio Del Bel Júnior, o reforço do Choque começa nesta quarta. Em nota, o governo disse que há dez dias o policiamento na área "foi reforçado com aumento do efetivo local" e que qualquer cidadão pode visitar a região "normalmente".
Da redação, com agências