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Escola Dieese oferecerá cursos superiores a dirigentes sindicais

Quem quiser se especializar ou mesmo se formar como “cientista do trabalho” já pode começar a estudar. Mantido por sete centrais sindicais, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicas (Dieese) conseguiu, há duas semanas, a liberação do Ministério da Educação (MEC) para abrir uma escola de ensino superior.

Nesta quarta-feira (9), o governo federal assinou a concessão, sem ônus e por dez anos, de um prédio pertencente à União, no centro de São Paulo, que funcionará como sede da Escola Dieese de Ciências do Trabalho. Segundo a entidade, a escola proverá cursos de graduação e pós-graduação, além de disciplinas de especialização para dirigentes sindicais.

Os planos são ambiciosos, a julgar pelas ideias apresentadas pelo diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lucio. Haverá um curso de graduação de três anos em ciência do trabalho. Além disso, Lucio fala em pós-graduação e também num programa especial para dirigentes sindicais.

"Queremos, no futuro, que jornalistas, economistas, advogados e juristas se especializem na questão do trabalho", diz Lucio, para quem é "inacreditável" que um estudante de ensino superior seja formado em economia e passe quatro anos na faculdade sem ter contato com questões do trabalho.

Num processo iniciado no fim de 2007, o Dieese precisa agora da liberação do MEC para poder lançar o primeiro curso. Além de técnicos do órgão, professores serão contratados e outros convidados a ministrar aulas. O Dieese avalia que não haverá tempo hábil de fazer um vestibular ainda neste ano para o curso começar em fevereiro de 2010. Por isso, a primeira turma deve começar em julho do ano que vem.

Os esforços dos técnicos do órgão, no entanto, são para iniciar os trabalhos já no início do próximo ano. Ainda não está definido o número de vagas que serão abertas, mas o prédio, de oito andares, comporta quatro salas de aula e dois laboratórios, além de biblioteca, lanchonete e um auditório para 120 pessoas.

Verbas

Na cerimônia de lançamento da escola, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse ter ficado "encantado" com o projeto. "O presidente Lula achou a ideia fantástica e avaliou a concessão da sede como mais uma parceria do governo com o movimento sindical."

Há a intenção de fazer com que os cursos oferecidos pela Escola do Dieese possam ser cursados como disciplinas optativas por parte de estudantes de outras universidades. No início da semana, o Dieese assinou convênio com a Universidade Federal da Bahia (UFBA), para intercâmbio de pesquisas e trabalhos. "A ideia é colocar o tema do trabalho nas faculdades, então apostamos em articulações com diferentes cursos em diferentes universidades", diz Lucio.

A Escola Dieese ainda não tem uma receita definida, mas os gastos para 2010 estão incluídos no orçamento total da entidade — de R$ 25,3 milhões. A ideia é que a escola seja mantida com os repasses recebidos pelo Dieese das centrais sindicais. Ainda não está definido se os cursos serão gratuitos ou pagos.

O Diesse é subsidiado pelas seis centrais sindicais reconhecidas pelo Ministério do Trabalho — CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Nova Central e CGTB —, além da Conlutas, que não pleiteou legalização. Com a criação da escola, um dos objetivos das centrais foi se reaproximar do meio acadêmico.

Segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, a relação entre membros do movimento sindical e pesquisadores e professores da USP e da Unicamp, nos anos 70 e 80, deve ser reforçada. Na aula inaugural da Escola Dieese — uma conferência sobre Educação e Trabalho —, o pesquisador Renato Janine Ribeiro, da USP, avaliou o momento como "um marco na história do sindicalismo".

Da Redação, com informações da Valor Econômico