O protagonismo internacional do Brasil
Por Alexandre Braga* O Brasil se prepara, de olho nos acontecimentos da Copa da África do Sul, para realizar importantes […]
Publicado 17/06/2010 09:13 | Editado 04/03/2020 16:50
Por Alexandre Braga*
O Brasil se prepara, de olho nos acontecimentos da Copa da África do Sul, para realizar importantes eventos esportivos nos próximos anos, como mais uma rodada da 20ª Copa aqui em 2014, competições mundiais específicas como os Jogos Militares, as Paraolimpíadas, as Olimpíadas de 2016, entre outros. Nesse cenário geopolitico efervescente, qualquer nação anfitriã teria sobre si os holofotes e a atenção da mídia do mundo inteiro, devido a uma série de questões que o universo esportivo traz embutido, como a possibilidade de se aumentarem os acordos comerciais, o incremento das vendas, quebra de barreiras alfandegárias e uma significativa melhora nas relações diplomáticas entre os países participantes. Além disso, o caso do Brasil tem elementos ainda mais sintomáticos. Historicamente, nossas relações internacionais estiveram num processo de relativo isolamento. Quase sempre atreladas a contenciosos diplomáticos voltados para resolver arengas platinas, principalmente referentes aos assuntos limítrofes com nossos vizinhos do sul, entre eles, Uruguai, Paraguai e Argentina, ou para tratar da defesa dos interesses econômicos em setores como a produção e venda do café, como o uso do expediente do Funding Loan. Desses países, a Argentina esteve envolvida num dos episódios mais contundentes da chancelaria brasileira, a Operação Pan-Americana, pela qual o país teve uma grande investida a partir de 1958. Este período de plena inserção brasileira em ações de política diplomática se caracteriza por uma vocação regional e por uma liderança natural, com pregação da interdependência entre seus pares e amplo apoio à liberalização comercial como contraponto ao campo socialista, inclusive com rompimento das relações com Cuba. Portanto, sem qualquer pretensão de neutralidade, aliás, dispositivo internacional raramente utilizado por nossa chancelaria.
Os anos dourados da diplomacia brasileira começam a dar bons frutos a partir de 2003. Com a posse do novo presidente inicia-se uma nova agenda que se desfaz do isolamento do passado, se despe da falsa neutralidade e coloca o país num patamar jamais visto na historiografia mundial. Uma conceituação mais progressista começa a pautar as ações brasileiras no campo das relações exteriores, com uma orientação para o desenvolvimento, da cooperação multilateral em rota de colisão com o hegemonismo estadunidense, busca da valorização da soberania e a autodeterminação dos povos e uma significativa popularização dos temas da agenda internacional, responsável por fortalecer o orgulho da brasilidade e pelo despertar da consciência nacional. Nunca antes os assuntos internacionais foram tão comuns no cotidiano das pessoas, principalmente como ingrediente da campanha eleitoral para a Presidência da República Federativa do Brasil, em 2010. O sucesso da atual diplomacia brasileira está relacionado a uma opção política de um governo que visa tirar o Brasil da periferia na qual esteve por longos anos e dar ao país uma inserção soberana, em que o respeito é o tom essencial da diplomacia. Nesse xadrez, a metrópole norte-americana vai perdendo os poderes, e novos atores vão ganhando altivez e espaço, tendo o diálogo como ferramenta básica, e o modelo brasileiro de política externa recebe cada vez mais prestígio e apoio. Um exemplo dessa lógica afirmativa sãos os megaeventos do universo esportivo que gracejam no solo brasileiro, trazendo prosperidade econômica, desenvolvimento social e inclusão produtiva sem precisar arrancar uma gota de sangue de quem quer que seja, ao contrário dos anos violentos do período da Guerra Fria e das premissas usadas pela política externa dos Estados Unidos mundo afora; que ainda empregam o belicismo como instrumento de convencimento político.
Diferentemente dessa tática empregada pelos americanos, o Brasil, por meio do “Paz e Amor”, deverá receber investimentos na ordem de quase 3 trilhões de reais antes, durante e depois da Copal do Mundo de 2014, o assento brasileiro no Conselho de Segurança da ONU – Organização das Nações Unidas -, tornou-se consenso entre as nações latino-americanas; e uma onda de excelentes ações no âmbito do Oriente Médio, África e Ásia deu ao Brasil a respeitabilidade nunca antes experimentada além-fronteira, seja em assuntos de natureza estritamente econômica, cultural, de combate à fome, de segurança ou energia nuclear. Na atualidade, esses temas têm um sabor todo especial quando a opinião brasileira é considerada ou às vezes ela própria é quem fomenta a opinião das outras nações no planeta, valorizando a imagem e o protagonismo internacional do Brasil.
*Alexandre Braga é Coordenador de Comunicação da UNEGRO-União de Negros Pela Igualdade, membro da OLAEN-Organização Latino-americana de Entidades Negras e diretor do CEBRAPAZ – Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz.