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Serra usa o PIG e cita Palocci pela 3ª vez para atacar Dilma

O programa do candidato do PSDB à Presidência na TV afirmou que a principal adversária do tucano, Dilma Rousseff (PT), "já está se achando" e que, se vencer a eleição, a petista levará de volta para o governo os ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci. O programa tucano sustenta as "acusações" em matérias publicadas por jornais e revistas da grande imprensa como Veja e Folha de S. Paulo.

"A Dilma está se achando. A eleição nem começou e já tem briga dela com o Lula", disse o programa de Serra. A afirmação se referia a uma reportagem publicada pela revista Veja que diz que existiriam divergências entre a candidata petista e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a indicação para substituir o ministro Eros Grau, aposentado, no Supremo Tribunal Federal.

"O povo nem votou, e ela já está escolhendo os ministros", disse um locutor enquanto a imagem mostrava manchetes de notícias publicadas em jornais dando conta de que aliados de Dilma já estariam discutindo cargos num eventual governo dela.

"E olha quem está querendo voltar. Dirceu, o mesmo do mensalão, e Palocci. O Brasil não merece isso", completou o locutor com uma trilha sonora de filme de terror ao fundo.

Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil de Lula, e Palocci, ex-ministro da Fazenda do governo petista, deixaram o poder em meio a crise política de 2005, no episódio que ficou conhecido como "mensalão".

Esse trecho final com ataques a Dilma foi ao ar depois de um intervalo com a tela escura, para separá-lo do corpo do programa.

Palocci: o inocente útil de Serra

Esta é a terceira vez que o nome de Palocci é citado pela campanha tucana para atacar a candidata petista. As duas primeiras citações foram feitas pelo próprio candidato José Serra. Inicialmente, Serra citou Palocci durante o debate dos presidenciáveis na Bandeirantes, em 5 de agosto. Na ocasião, Serra disse que Palocci, quando foi ministro da Fazenda no primeiro mandato do presidente Lula, "não cansava de elogiar o governo Fernando Henrique".

Dias depois, durante sabatina ao Jornal Nacional, da Rede Globo, Serra voltou a citar Palocci para reafirmar que o petista era fiador do "acerto" da política econômica do governo FHC. Nas duas ocasiões, a afirmação tinha como objetivos constranger a candida Dilma, já que Palocci é um dos coordenadores de sua campanha, e minimizar as críticas ao governo Fernando Henrique.

Não há registros na imprensa de que Palocci tenha se dignado a responder aos ataques da campanha tucana. Ao manter o silêncio, acaba colaborando com a estratégia da oposição, e prejudicando a candidata da qual é coordenador de campanha.

Aliás, segundo a coluna de bastidores Poder Online, do portal iG,  a situação de Palocci na campanha de Dilma não é tão confortável como aparenta ser.

Segundo a coluna, "Palocci e Dilma têm, cada vez mais, noções bem diferentes da economia. Depois da manchete do jornal Folha de S. Paulo (sobre a política econômica do futuro governo), passaram a ter ainda mais divergências. Há quem aposte que Palocci atingiu – na visão de Dilma – um grau de desutilidade. Isso para ficar só no campo dos conceitos econômicos", diz a coluna.

A presença forte de Palocci na campanha presidencial incomoda muitos petistas e aliados que não engolem a ligação estreita do ex-ministro com as "forças ocultas do mercado".

Durante o primeiro mandato do governo Lula, Palocci foi um dos principais defensores da manutenção de um viés neoliberal e financista na política econômica. O ranço neoliberal só foi atenuado depois que o atual ministro Guido Mantega assumiu a pasta, dando uma orientação mais desenvolvimentista à política econômica do governo.

Da redação, Cláudio Gonzalez
com agências