'Receitagate' não cai na boca do povão
Tema é considerado complicado pelo paulistano. Para aposentado, "quebra de sigilo fiscal" se refere a segredo de funcionário de terminal de ônibus.
Publicado 14/09/2010 13:04 | Editado 04/03/2020 17:18
Para o aposentado Paulo Roberto de Morais, de 68 anos, que completa o orçamento fazendo bicos de ambulante no Centro da cidade, a frase "quebra de sigilo fiscal" tem a ver com algum segredo de um fiscal de terminal de ônibus. Ao ser informado pela reportagem de que se trata, na verdade, do assunto do momento que domina o cenário eleitoral, o aposentado respondeu singelamente: "É mesmo? Não tinha ideia direito quando me perguntou".
Morais exemplifica bem a falta de penetração popular que produz o escândalo do vazamento de dados de tucanos na Receita. A pesquisa de intenção de votos do DIÁRIO/Ipespe publicada neste domingo mostrou que o caso não afetou o desempenho de Dilma Rousseff (PT). De acordo com o cientista político Jairo Pimentel Júnior, consultor do levantamento, o episódio ainda não é palpável para o eleitor, pois grande parte do eleitorado tem dificuldade em compreender a história.
É o caso da costureira Denise de Oliveira, de 48 anos, moradora do Tremembé, na Zona Norte da cidade. "Para mim, a primeira coisa que vem na cabeça ao ouvir 'escândalo na Receita' é alguma confusão na hora de fazer a comida", contou. Ela classificou como "muito complicado" o tema, que é exaustivamente citado na programação eleitoral gratuita.
O taxista Severino Cavalcanti, de 56 anos, homônimo do ex-deputado federal pernambucano pelo PP, foi bem sincero ao ser indagado sobre o caso. "Não sei o que te dizer. Não estou a par do assunto". Para o "homem-placa" Oracildo de Castro, de 69 anos, "vazamento de dados" tem a ver com problemas no encanamento.
Fonte: Diário de S.Paulo