Sem categoria

“A população negra está com Dilma”, diz ministro Elói Ferreira

Em entrevista para o PT-SP, o ministro da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial afirma que, assim como a abolição da escravatura, o Governo Lula representa um marco histórico para a população negra do Brasil e que apenas Dilma tem compromisso firmado com a continuação dessa política de inclusão.

Por Leandro Rodrigues para o site do PT-SP

O ministro da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR/PR), Elói Ferreira, visitou a capital paulista no último sábado (23) para participar da Caminhada do Movimento Negro do Estado de São Paulo em apoio à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República.

Durante a concentração do ato, que iniciou à 9h na Praça do Patriarca, o ministro conversou com a reportagem do portal PT-SP e ressaltou a importância que o Governo Lula representa para a população negra do país, por promover a igualdade racial e o combater o racismo de forma inédita. “A população negra tem alguns marcos políticos importantes na história do nosso país. E desde a luta de Zumbi dos Palmares e da abolição da escravatura, seguramente, o governo do presidente Lula é um desses marcos”, analisa Elói.

Sobre a candidata petista, o ministro afirma que Dilma tem compromisso com a população negra, “de consciência, de convicção”, e que, quando ocupava o cargo de ministra-chefe da Casa Civil, foi ela quem coordenou a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. “Com Dilma, a população negra tem a segurança de que a política de inclusão não vai ser interrompida”, ressalta.

Sobre a candidatura adversária, Elói alerta que o DEM, partido vice na chapa de José Serra, ingressou com três ações no Supremo Tribunal Federal (STF) que especificamente anulam direitos já garantidos pelo movimento negro. “Aquele ditado dos nossos pais, ‘diga-me com quem andas que te direi quem és’, já explicita que a candidatura de oposição é para impedir qualquer conquista, qualquer processo de promoção, de inclusão da população negra do nosso país”, diz o ministro, e completa que a coligação do tucano não tem compromisso com a causa.

Confira a entrevista com o ministro Elói Ferreira na íntegra:

Ministro, como o senhor diferencia o tratamento que o Governo Lula dá para as questões e reivindicações da população negra, em comparação com seus antecessores?
Antes de fazer um quadro comparativo entre governos, é preciso observar o que está acontecendo com a candidatura de oposição, que tem uma sustentação muito conservadora. Tão conservadora que o partido Democratas (DEM) ingressou com três ações no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a população negra, especificamente. A primeira é contra o Prouni, que levou cerca de 350 mil jovens pretos e pardos à universidade brasileira, a outra ação é contra a titulação das terras quilombolas e a terceira é contra a política de cotas nas universidades públicas. Essas três ações foram representadas no STF pelo DEM, que também foi o maior obstáculo no Congresso para a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial. Isso, por si, nessa hora, já é um diferencial. Aquele ditado dos nossos pais, “diga-me com quem andas que te direi quem és”, já explicita que a candidatura de oposição é para impedir qualquer conquista, qualquer processo de promoção, de inclusão da população negra do nosso país. É querer que os negros continuem numa situação de invisibilidade, apenas inserida nos aspectos culturais, somente no “bater tambor”, e não colocá-los na condição de fruição dos bens econômicos, culturais, e sociais. Aí reside a grande diferença do que está colocado neste instante histórico que o país experimenta.

E a população negra demonstra estar ciente e consciente desses fatos?
A população negra tem esse feeling, tem esse olhar e já sentiu isso. As pesquisas que estão sendo levantadas, fragmentadas das pesquisas eleitorais, já dão conta dessa simpatia, em todos os estratos, todos os segmentos sociais. Está todo mundo, a ampla maioria da população negra, na candidatura de Dilma. Enquanto a outra candidatura recebe um apoio muito menor. Então, a população negra já fechou: está com Dilma, está com Lula.

E para as negras e negros, qual é a importância de eleger Dilma Rousseff?
Dilma tem compromisso com a população negra, de consciência, de convicção. Tanto que, enquanto ministra-chefe da Casa Civil, foi quem coordenou o Projeto de Lei que veio a ser aprovado e hoje se transformou no Estatuto da Igualdade Racial. Dilma defende a política de cotas para as universidades, defende políticas diferenciadas de emprego, na administração pública, nos órgãos públicos. Mas não há esse compromisso com a população negra na outra candidatura. Com Dilma, a população negra tem a segurança de que a política de inclusão não vai ser interrompida.

Além do Estatuto, quais foram os avanços efetivos conquistados pelo movimento social durante o Governo Lula, relativos à promoção da igualdade racial e combate ao racismo?
A população negra tem alguns marcos políticos importantes na história do nosso país. E desde a luta de Zumbi dos Palmares e da abolição da escravatura, seguramente, o governo do presidente Lula é um desses marcos. Há um diferencial do Governo Lula para frente e do Governo Lula para trás. São inúmeras as conquistas e a criação de um Ministério com esse propósito demonstra esse compromisso. Além de reconhecer a existência do racismo, que antes era negada pelo Estado, Lula criou a política de cotas, o Estatuto da Igualdade Racial e o Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial, frutos das duas Conferências Nacionais que ele convocou para a discussão da promoção da igualdade racial. Criou também o Conselho Nacional Para Promoção da Igualdade Racial, que é um órgão que reúne a sociedade civil, os movimentos sociais organizados, negros, indígenas, ciganos, quilombolas, comunidades de terreiro, onde participam e dão sugestões, acompanham a realização e implementação das políticas públicas. Ou seja, é o antes o depois.

E esse “depois”, incluindo a candidatura da Dilma, é que o senhor se refere como momento histórico. É possível sintetizar essa experiência?
Precisamos reparar os mal que 380 anos de escravidão causou aos brasileiros, e o caminho é da continuidade de um governo que produziu a promoção da igualdade racial, a inclusão do povo negro e não negro, que está construindo a inserção, nesse ambiente democrático, de um povo que foi historicamente discriminado. Passados 122 anos da abolição, só agora tivemos um governo sensível. A sensibilidade de uma de um dirigente é capaz de imprimir uma nova ótica, um novo olhar, e foi essa sensibilidade do presidente Lula que nos permitiu construir esse momento, e a eleição de Dilma está sintonizada com esse ambiente.

Foto: Leandro Rodrigues