Em 1967, tromba d'água traumatizou Caraguatatuba
"A lama vermelha, amolecida por três dias de chuva forte, deslizou sobre a cidade, encobriu casas ao pé da serra, por cima vieram árvores inteiras, derrubando paredes e se amontoando na estrada. Dez minutos depois, Caraguatatuba quase não existia mais." Assim o jornalista Gabriel Manzano abriu reportagem publicada no Jornal da Tarde em 20 de março de 1967.
Publicado 19/01/2011 11:02 | Editado 04/03/2020 17:17
A tragédia em Caraguatatuba deixou 436 mortos e desesperou os moradores. Todas as 240 lojas da cidade fecharam as portas, num luto espontâneo. A luz acabou. Comida e gasolina foram racionadas. O Rio Santo Antônio subiu e o aguaceiro invadiu a Santa Casa. O necrotério municipal não parava de receber corpos e o mar também trazia cadáveres. Severino – coveiro identificado pelos jornais da época apenas pelo primeiro nome e que nunca havia enterrado mais de três pessoas em um dia, sepultou cem de uma vez – 15 em vala comum. Mais da metade sem nome.
A solidariedade não demorou a chegar. Donativos de São Paulo chegavam em três aviões e de navio, via Porto de Santos. Caraguatatuba não tinha roupa. Caraguatatuba tinha fome. No dia seguinte à tragédia, ali estavam remédios, 20 sacas de feijão, 450 latas de leite em pó, 300 cestas básicas, 100 latas de biscoito e vários outros mantimentos.
Rio
A catástrofe de Caraguatatuba aconteceu dois meses depois de uma outra tragédia carioca: em 23 e 24 de janeiro daquele mesmo 1967, fortes chuvas no Rio deixaram 785 mortos. A capital carioca virou mar.Um mar sujo e impiedoso.
Fonte: O Estado de S. Paulo