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Pinheiro Guimarães propõe agenda para debater futuro do Mercosul

O alto representante-geral do Mercosul, embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, vai propor aos países sócios a formulação de uma agenda estratégica, que determinará a relação com outros blocos e nações, especialmente com a China. "Queremos um amplo debate sobre o futuro do Mercosul e seus objetivos diante de uma conjuntura internacional que é muito nova", disse, em entrevista aos correspondentes brasileiros em Buenos Aires, onde finalizou uma visita oficial de quatro dias.

Guimarães afirmou que a relação com a China é um dilema porque a América Latina importa produtos chineses industriais baratos, que contribuem positivamente para o controle da inflação, mas provocam danos ao setor produtivo.

"A situação é complexa e temos de imaginar políticas que permitam lidar com isso", disse, ressaltando que, por outro lado, a China terá um impacto muito grande sobre a América do Sul porque tem um déficit na área de alimentos, minérios e energia. "E, nesses três campos, a região tem grande capacidade de produção e de atender esse déficit e temos enorme oportunidade de sermos grandes fornecedores do mercado chinês", destacou.

Ele disse que conversou com quase todos os ministros da Argentina, Paraguai e Uruguai sobre a importância de avaliar a ação do Mercosul no atual cenário internacional, que, segundo ele, é muito diferente de 1991, quando o bloco foi criado.

"A China não era o que é hoje. Houve uma mudança muito grande e vai continuar. A China terá uma função muito importante e será a maior economia do mundo e é um grande investidor", argumentou.

Guimarães opinou que o Mercosul deveria ter uma articulação conjunta dos quatro países, mas reconheceu que harmonizar as políticas depende de muito entendimento. "É preciso que os países debatam sobre o assunto, examinem e reflitam. E, eventualmente, se for possível, chegar a posições comuns", sugeriu.

O alto representante-geral do Mercosul informou que vai elaborar um documento inicial para organizar as discussões sobre a questão. Mas não marcou data para dar início ao debate. Com mandato de três anos, Guimarães assumiu o cargo em janeiro, depois de ocupar a secretaria-geral do Itamaraty. A principal tarefa dele é a de facilitar e aprofundar o processo de integração do bloco regional.

De Brasília
Com agências