Partidos se unem para discutir mobilidade urbana em Salvador
Representantes do PCdoB, PSB e PTB realizaram na manhã desta segunda-feira (30), o primeiro encontro de um ciclo de debates sobre os principais problemas de Salvador. A ação suprapartidária tem como objetivo a construção de uma agenda comum para discutir e propor soluções para questões como a mobilidade urbana, tema deste primeiro debate, que reuniu especialistas no tema e lideranças políticas no auditório do Hotel Mercure, no Rio Vermelho.
Publicado 30/05/2011 18:51 | Editado 04/03/2020 16:19

O presidente do PCdoB na Bahia, deputado Daniel Almeida, a senadora Lídice da Mata (PSB), o deputado federal Antonio Brito(PTB), o deputado estadual Capitão Tadeu (PSB) e a deputada federal Alice Portugal (PCdoB) foram algumas das lideranças presentes no debate. Os palestrantes foram o secretário estadual para Assuntos Extraordinários da Copa (Secopa), Ney Campello (PCdoB); o presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) na Bahia, Daniel Colina (PSB), e o vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito (PTB).
“Nós estamos participando de uma articulação suprapartidária – PCdoB, PSB e PDT- e esta articulação visa debater a cidade nos por menores das suas necessidades e carências. Hoje, nós fizemos o debate sobre mobilidade urbana. A conclusão, é que temos que trabalhar com uma inspiração multimodal, com várias possibilidades de aceleração desta facilidade com meios de transportes para a população e fizemos também uma intercalação com o problema da acessibilidade. Não adianta mobilidade sem acessibilidade. É preciso rampas, pistas tácteis para deficientes visuais entre outros mecanismos para facilitação de cadeirantes e pessoas com outras deficiências. Também ficou claro que é preciso trabalhar do ponto de vista de um planejamento urbano mais completo e ficamos de fazer outros debates sobre mobilidade e acessibilidade urbana e sobre outros temas”, informou a deputada federal Alice Portugal.
O presidente do IAB, Daniel Colina, também ressaltou a necessidade de aprofundamento dos debates. “Eu acho que todos os partidos e entidades precisam dar uma contribuição para definir que cidade a gente quer. A questão da mobilidade é muito importante e vai muito além da definição de qual modal de transporte deve ser usado para a Copa. É preciso que se defina qual modal de transporte será adotado, mas também se defina a interligação com outros modais com ônibus, VLT e BRT e com o pedaço do metrô que está ai parado”, defende.
“Nós precisamos trabalhar para que esta cidade tenha planejamento, porque faltam planejamento e gestão do planejamento. É preciso pensar a cidade toda. Não podemos, por exemplo, mostrar a cidade para o mundo durante a Copa do Mundo, com o Centro Antigo e a Orla do jeito que estão. É preciso pensar as obras para a Copa sem que isto crie conflitos no futuro. As coisas que estão sendo feitas agora devem ser pensadas para que não sejam incompatíveis no futuro e isto deve ser aplicado aos meios de transportes e aos projetos de mobilidade para a cidade também”, declarou Colina.
Problemas e propostas
O secretário da Secopa, Ney Campello, representante do PCdoB no debate, começou sua exposição parabenizando a iniciativa dos partidos de chamarem para si a responsabilidade de discutir a cidade em um momento particular, por conta de dois grandes eventos: as eleições de 2012 e a Copa de 2014. “Precisamos debater, mas principalmente resolver Salvador. Temos aqui neste encontro quadros políticos que podem contribuir para a solução desta grave crise que a cidade está vivendo. Este debate foi muito positivo, porque permitiu a discussão de um tema tão importante como a mobilidade e a acessibilidade. Porque, as pessoas reduzem a questão da mobilidade á questão do transporte público de massa e não entendem que existem outros temas também muito importantes na questão da acessibilidade da cidade”, disse Campello.
“Não dá para discutir mobilidade em Salvador, como uma questão isolada, que se esgota em si mesmo. A mobilidade é um subsistema do sistema de planejamento da cidade. Os problemas que nós vivemos em termos de mobilidade urbana em Salvador são decorrências de uma ausência nas últimas décadas de uma cultura de planejamento urbano de Salvador. As causas primárias dos graves problemas que enfrentamos hoje com trânsito e tráfego estão de um lado na função social uso do solo urbano e do outro lado, numa perspectiva de quase exclusivismo do modelo baseado no uso do veículo individual. Do transporte individual. Estas são as duas causas que estão levando a cidade a esta situação de travamento de congestionamento. O uso do solo de um lado e o uso do carro como única alternativa de circulação do outro”, enfatizou o comunista.
Para Campello, para resolver os problemas de Salvador é preciso enfrentar estas causas primeiras. “Em relação ao uso do solo, nós precisamos reverter uma lógica que tem imperado historicamente em Salvador, que é de especular o solo urbano a partir dos interesses do capital imobiliário. Isso resulta em políticas que invertem a lógica de qualquer projeto urbano racional, que é de que primeiro se deve assegurar as condições de infraestrutura para depois se licenciar os empreendimentos. Em Salvador, se adota o processo inverso. Primeiro se licencia os empreendimentos, sem que haja a infraestrutura necessária para a liberação destes empreendimentos. Então, não se discute sistema viário, não se discute serviços de educação, de saúde e outros que devem estar a serviço da população. Depois querem resolver o problema da cidade com a construção de viadutos e passarelas. Precisamos inverter esta lógica, fazendo com que os empreendimentos se subordinem aos interesses do cidadão.”, acrescenta.
O secretário estadual defende ainda que Salvador precisa ser planejada pensando no seu entorno. “A questão da mobilidade vai requerer que se tomem medidas de caráter sistêmico, metropolitano, inter-modal e integrado de transporte público. Salvador é uma cidade que precisa ser planejada pensando a região metropolitana”, concluiu.
De Salvador,
Eliane Costa