João Ananias pede agilidade para Reforma Agrária

Durante a comissão geral para discutir a violência no campo, realizada no Plenário da Câmara, na última terça-feira (7) João Ananias falou da sua indignação pela morte dos trabalhadores do campo que foram vítimas da pistolagem, mas também dos que são vítimas do processo de êxodo rural. Ele lembrou que a luta tem de ser para que faça justiça no campo.

"E justiça no campo é dividir melhor a terra; justiça no campo é reforma agrária ampla e irrestrita, para garantir ao povo lugar para trabalhar. Os trabalhadores do campo sabem cultivar a terra, sabem nela produzir, e conservando-a, como fizeram historicamente".

Em nome do PCdoB, João Ananias se solidarizou com aqueles que foram vitimados brutalmente e reforçou que a luta pela reforma agrária não está fora de moda. Ele ressaltou que só com a reforma agrária será possível diminuir a tensão no campo, o êxodo rural, garantir a paz, sem desistir de punir os responsáveis pelas mortes dos trabalhadores rurais. Confira a íntegra do pronunciamento:

Sr. presidente, sras. e srs. deputados, quero saudar a ministra Maria do Rosário, saudar o Ministro Afonso, saudar o ministro José Eduardo Cardozo, saudar as lideranças do campo, as lideranças das lutas do povo brasileiro que estão presentes, e dizer aqui que, além da indignação pela morte de batalhadores da luta da floresta, da luta pela terra, temos que alargar um pouco essa questão.

Temos os que tombam, os que são assassinados, os que são vítimas da pistolagem, mas temos outras vítimas, os que são empurrados para fora da terra, os que lhe são negados o espaço, a oportunidade, porque vão ter que se amontoar nas periferias das cidades, nesse processo de êxodo rural, por falta exatamente do amparo, da terra, do espaço para poder viver.

Eu sou ex-prefeito de uma cidade pequenininha, onde havia um assentamento e terminamos com 12. Mas ninguém saiu de lá. A terra é tão criticada que virou tabu, a luta pela terra, tão criticada, é alternativa ainda de manter o homem e a mulher no campo com dignidade. Então, a luta não se dá apenas quando se mata, quando eles matam um, dois, três, como fizeram em Eldorado dos Carajás, como fizeram agora. A luta tem de ser para que constituamos justiça no campo. E justiça no campo é dividir melhor a terra; justiça no campo é reforma agrária ampla e irrestrita, para garantir ao povo lugar para trabalhar. (Palmas.) E os trabalhadores do campo éque sabem cultivar a terra, sabem nela produzir, e conservando-a, como fizeram historicamente.

Portanto, em nome do meu partido, o PCdoB, me solidarizo com aqueles que morreram, com aqueles que foram vitimados brutalmente. Reforçadas aqui as nossas bandeiras, que não estão fora de moda, a luta pela reforma agrária não está fora de moda. Não é por meia dúzia falando mal de projeto de assentamentos que vamos baixar a guarda e desistir dessa luta histórica, que garante justiça social no campo. A reforma agrária é para dividir melhor a terra e garantir a permanência nela do homem e da mulher para que possam, com dignidade e decência, criar sua família.

Sra. ministra, Sr. ministro da Justiça, Sr. ministro do MDA, é fundamental que apressemos o passo. O que o México fez em 1910 na Revolução Zapatista o Brasil ainda não teve coragem de fazer.

E nós temos governos progressistas.

Com certeza, faço um apelo à presidente Dilma para que possamos ampliar e apressar processos de reforma agrária. E aí, sim, nós vamos diminuir a tensão no campo, o êxodo rural, garantir a paz, sem desistir de punir os bandidos que mandam matar trabalhadores, e a Justiça deverá se encarregar deles.

Nós temos que fazer o nosso papel político, trabalhando para apressar a reforma agrária neste Brasil e produzir justiça no campo.

Obrigado, sr. presidente.