Pagando duas vezes

Só no Brasil, mas vamos nos ater a São Paulo, o cidadão paga duas vezes pelo mesmo serviço. Paga pedágio às concessionárias para que elas mantenham as estradas em boas condições; e pagam imposto ao governo para obterem o mesmo serviço.

Além do pedágio, o cidadão que possui um veículo automotor paga ano a ano o Imposto sobre a Propriedade de Veículo Automotor (IPVA). Esta arrecadação, que se divide entre 50% para o estado e 50% para o município onde o veículo está licenciado é destinada a gastos com saúde, educação e demais obrigações do estado, entre elas zelar pela infraestrura das estradas.

Em meados de 2010, líder absoluto nas pesquisas que verificavam a intenção de voto para governador, Geraldo Alckimin prometia ao povo de São Paulo que se eleito iria rever os preços dos pedágios cobrados nas estradas paulistas.

Isso foi dito, só para exemplificar, durante entrevista à rádio Bandeirantes em 28 de julho e, sabatina do jornal O Estado de São Paulo em 20 de agosto, na qual disse que iria “analisar contrato por contrato”. Até mesmo em discurso no primeiro dia oficial da campanha eleitoral, 06 de julho, realizado quando caminhou pelo centro de Campinas, o tucano dizia: "há alguns casos em que a população acaba pagando mais, mesmo”.

Eleito, Geraldo Alckimin cumpriu a promessa de rever os preços cobrados nas praças de pedágio, sendo assim, desde 1º de julho os pedágios nas estradas de São Paulo ficaram mais caros. Reviu pra cima, mas reviu.

É inevitável à maioria da população trafegar pelas vias privatizadas, por exemplo, para ir e voltar ao trabalho em algumas regiões, aproveitar finais de semana prolongados ou qualquer outro tempo ócio para buscar lazer e descanso nas praias ou interior do estado. Não restando outra opção o povo vai pagar.

Os valores reajustados pela Agência de Transporte de São Paulo (ARTESP) variam entre 6,55% e 9,77%. Para ir e voltar de Santos pelas Rodovias Anchieta ou Imigrantes o motorista pagará R$ 20,10. Vamos comparar. Ida e volta para Curitiba consome em pedágios o valor de R$ 20,40. A diferença é que da capital até o litoral santista, entre ida e volta o motorista roda
170 km – para Curitiba o trajeto é de 816 km. A secretaria da Fazenda de São Paulo espera arrecadar este ano, com o pagamento do IPVA, R$ 9,5 bilhões.

A construção do trecho norte do Rodoanel, que vai passar por Guarulhos, deve consumir cerca de R$ 6 bilhões que serão pagos pelo contribuinte, depois de feito fatalmente ganhara adornadas e amplas praças de pedágio. Já que é assim, por que essas empresas não bancam a obra da qual irão lucrar fortunas?

Os sucessivos governos do PSDB em São Paulo optam, lamentavelmente, pelo modelo de transporte rodoviário em vez do coletivo, sobre trilhos, por exemplo. Diminuir o preço cobrado nos pedágios assim como o metrô em Guarulhos é mais uma patranha com DNA tucano.

De Guarulhos,  Gutemberg M. Tavares