A crise econômica não pode ser subestimada, diz Jô Moraes
Ao manifestar sua expectativa de que as taxas de juros serão rebaixadas em prol da competitividade do País, a deputada federal Jô Moraes (PCdoB/MG) alertou na última quinta (11) que o Brasil não é uma ilha e que a crise econômica não pode ser subestimada, sob o risco de sofrermos as consequências de uma eventual quebradeira de mercados. Ela lembrou que a conjuntura tem merecido um intenso debate no âmbito do governo federal e no Congresso.
Publicado 12/08/2011 11:36 | Editado 04/03/2020 16:50
As iniciativas da presidente Dilma Rousseff e do ministro Guido Mantega para o enfrentamento da crise, atingindo os setores têxtil, moveleiro, calçadista e que tiveram opinião favorável de alguns setores da oposição, também mereceram destaque da parlamentar. “É evidente que o PSDB se preocupa em como enfrentar a situação da política macroeconômica, tal como manutenção das altas taxas de juros. Mas em 2008, já foi um erro mantê-las”, ponderou.
Além de defender a ampliação das medidas para outras áreas da economia, a deputada alertou para a necessidade de proteção, manutenção e reforço dos direitos dos trabalhadores. “Só a paz entre o trabalho e o capital e o respeito aos direitos fundamentais daqueles que produzem a riqueza podem assegurar que enfrentemos em coesão, em consonância, em conciliação a defesa deste País frente à crise mundial que nos assola a todos”.
Pronunciamento
Eis a íntegra do discurso da deputada Jô Moraes:
“Senhor presidente, deputado Inocêncio Oliveira, caros deputados, queridas deputadas, talvez há um mês as pessoas conheciam as três letras AAA, apenas no exercício de palavras cruzadas. Aqueles que se dão ao prazer das palavras cruzadas sempre eram instigados a colocar essas três letras. Hoje, AAA é a grande ameaça no mundo. As agências que analisam os mercados e a situação dos países já rebaixaram os Estados Unidos.
Nessa madrugada, de ontem para hoje, a França era a grande ameaça. O que isso representa? A instabilidade econômica de um sistema capitalista, que tem a irresponsabilidade de fazer investimentos, tendo como foco o lucro máximo de alguns setores, desconhecendo que a economia do mundo e dos países tem de estar a serviço do desenvolvimento econômico e das pessoas.
Nesse sentido, o Brasil, particularmente, nossa presidente e esta Casa realizaram intenso debate sobre a crise econômica, que não pode ser subestimada, porque o País não é uma ilha, para que nós possamos ver que medidas tomamos para enfrentar os desafios de um mercado que pode quebrar e trazer suas consequências para nós.
A presidente, o ministro Guido tomaram uma série de iniciativas e apresentaram a esta Casa, inclusive com opinião favorável de alguns setores da Oposição, para que o Brasil se previna — como, em 2008, com o Presidente Lula — dos desafios que este País possa ter e não enfrente problemas como desemprego e quebradeira.
É evidente que o PSDB se preocupa em como enfrentar a situação da política macroeconômica, tal como manutenção das altas taxas de juros. Em 2008, já foi um erro mantê-las. E manter agora como perspectiva!
Tenho a confiança, assim como o PCdoB, de que a Presidenta Dilma e o Ministro Guido vão estar alertas, para que possamos rebaixar essa taxa de juros, na defesa da competitividade do País.
Certamente, as medidas tomadas, que atingem os setores têxtil, moveleiro, calçadista podem ser ampliadas para outras áreas.
Mas é evidente que não imaginamos que isso seja suficiente para fazer uma disputa com a valorização que a moeda brasileira está tomando em relação ao mercado exportador.
Por isso, confio que vamos entrar numa nova etapa em que rebaixemos os juros e compreendamos que a disputa da competitividade da indústria brasileira é uma necessidade para o País, e não a manutenção das taxas de juros, que só fortalecem o sistema financeiro permanentemente, sempre com lucros. A competitividade do País que fortalece a indústria brasileira tem que vir somada, para além das medidas de desoneração econômica tomadas, com medidas que possam manter e reforçar os direitos dos trabalhadores.
Cumprimento o Presidente Marco Maia por ter incluído na pauta do segundo semestre, na nossa próxima pauta, a PEC contra o Trabalho Escravo, o projeto que analisa o aviso prévio para que a defesa dos direitos dos trabalhadores seja parte fundamental da defesa da competitividade do País. Só a paz entre o trabalho e o capital e o respeito aos direitos fundamentais daqueles que produzem a riqueza podem assegurar que enfrentemos em coesão, em consonância, em conciliação a defesa deste País frente à crise mundial que nos assola a todos.
Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente.”
De Belo Horizonte,
Graça Borges