ONU propõe estratégia a longo prazo para combater fome na África
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, pediu neste sábado (24) que os governos do Chifre da África e os doadores internacionais planejem uma estratégia a longo prazo para atacar a raiz da crise de fome que afeta 13,3 milhões de pessoas na Somália, no Quênia, na Etiópia e no Djibuti. "Enfrentar os fatores de risco é a melhor maneira para nos assegurar que não volte a acontecer uma crise", disse Ban durante discurso em reunião à margem dos debates públicos da Assembleia Geral da ONU.
Publicado 24/09/2011 20:34
-Menino desnutrido aguarda para dar entrada no hospital Banadir, em Mogadíscio, no colo da mãe (AFP/Arquivo, Simon Maina) –
As Nações Unidas declararam situação de crise de fome em seis áreas da Somália, da mesma forma que em regiões de outros países do Chifre da África, onde mais de 13 milhões de pessoas sofrem com o problema agravado pela pior seca dos últimos 70 anos. Ban pediu que os governos dos países afetados e os doadores "não permitam que essas regiões se transformem em um deserto de investimentos", e recomendou que busquem melhorar o acesso à saúde e à água de mulheres e crianças, além de "trabalhar na estabilidade" da região.
O secretário-geral se referia às zonas somalis sob controle do grupo fundamentalista islâmico vinculado à Al-Qaeda, Al Shabab, que procura estabelecer um Estado muçulmano e domina boa parte do sul da Somália. "A Somália nunca se verá livre da ameaça da crise de fome até que tenha paz e estabilidade", afirmou, lembrando que há 750 mil pessoas em risco de morte no país devido à falta de alimentos.
Ban ressaltou que Etiópia e Quênia já puseram em andamento planos para enfrentar a situação de crise, e acrescentou que a Somália deveria fazer o mesmo.
As agências humanitárias da ONU já distribuíram alimentos para mais de um milhão de pessoas na Somália, mas o organismo internacional precisa ainda de US$ 700 milhões para garantir assistência à região nos próximos meses. "Poderíamos ter salvado mais vidas se tivéssemos acesso às áreas controladas pelo Al Shabab", insistiu Ban, completando que essas áreas são justamente aquelas onde a crise é mais aguda.
Ban comentou também que, além de obter os recursos financeiros, também é preciso coordenar melhor o trabalho entre as organizações não-governamentais e "evitar confusão e duplicação" no trabalho humanitário.
Fonte: EFE