Personagem: O Véio da Bodega
Dos 52 anos de Veio, trinta foram dedicados à Bodega
Por Thamillys Rodrigues*
Publicado 28/09/2011 15:11

Na Rua do Amparo, Cidade Alta de Olinda, uma pequena bodega abriga uma grande história de vida. Ponto de encontro entre os mais diversos grupos sociais e culturais da noite olindense, a Bodega de Veio tem na sua existência a realização de um sonho. O sonho de vida de Edval Hermênio da Silva, de 52 anos, o Véio do nome do local.
O nono de 18 irmãos, Véio, como é chamado por todos, ganhou esse apelido ainda na infância. A origem, no entanto, é um mistério. "Desde que nasci, meus irmãos mais velhos me chamam assim, mas não sei o porquê. Quando eu era jovem, não gostava, mas hoje as pessoas só me conhecem assim; o nome ficou forte", relata, com um sorriso no rosto. Tão forte, conta ele, com uma pontinha de orgulho, que uma empresa de São Paulo até quis comprar uma franquia da famosa Bodega de Véio. "Se fosse Bodega do Manoel, ou de outro nome, talvez não tivesse dado tão certo", acredita. Mas ele não aceitou o negócio. A Bodega de Véio é única. E a história do local se mistura com a do dono.
Comprada em 1981, mesmo ano do casamento de Edval com Maria Bernardete, a bodega não apenas é o local de trabalho dele, como de parte de sua família. Pai de quatro filhos, dos quais três ajudam a tocar o negócio da família, Veio conta que tem no estabelecimento mais do que uma fonte de renda. "Essa bodega é a minha vida. É a coisa que mais amo, faço por amor", conta, realçando o fato de que foi com o trabalho duro no local que pode dar aos filhos a educação que não conseguiu receber. "Falta pouco para eu realizar todos os meus sonhos. Um que faltou foi o estudo, o anel no meu dedo", lamenta. Ainda assim, diz que não pensa em voltar a estudar. Está muito cansado.
*Jornalista do ne10 (portal de notícias do nordeste)