Viva o samba!
2 de dezembro é o Dia Nacional do Samba, data surgida à partir da iniciativa do vereador baiano, Luis Monteiro da Costa, para homenagear Ary Barroso, que compôs "Na Baixa do Sapateiro", sem que nunca tivesse posto os pés na Bahia. Por ter sido num 2 de dezembro que Ary visitou Salvador pela primeira vez, o vereador propôs e a data foi aprovada em Salvador para conquistar todo o Brasil, como Dia Nacional do Samba.
Publicado 01/12/2011 15:21 | Editado 04/03/2020 16:41

Para falar desta data, resolvi falar de mim e minha relação com esse símbolo de brasilidade. Se tem coisa que está na minha vida, na minha alma, no meu orgulho de ser brasileira, é o samba. Isto até poderia ter alguma relação familiar. Há pessoas que adotam coisas para a sua vida à partir do tipo e meio de criação. Não é o meu caso.
Cresci escutando música sertaneja. Das boas, é bem verdade. Meu pai escutava Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho e por aí vai. Nem entre meus parentes e nem na minha vizinhança não haviam pessoas ligadas ao samba, mas lembro que muito cedo, aquilo me tocava o espírito. E era nos bailes de carnaval infantil, no antigo “Calhambeque” em Caxias do Sul/RS que ensaiei meus primeiros passinhos.
Olhava os desfiles das escolas de samba, mesmo sem entender muito bem, era apaixonada pela Mangueira e pela Portela, e ficava tentando aprender como dizer no pé aquele ritmo que mexia comigo. Aprendi um pouquinho. E aprendi sozinha.
Quando cresci um pouquinho, comecei a fugir de casa para ir aos ensaios do “Gaúcho”, uma pequena Escola de Samba de Caxias do Sul. Ali aflorou de vez. Quando subi para o bairro Pioneiro ingressei na “Incríveis do Ritmo”. E, quando conquistei meu primeiro emprego, no dia que recebi meu primeiro salário, comprei um “LP” (long play de vinil) da Clara Nunes. O samba já estava na veia.
Também fui conhecer o carnaval da Bahia. Lá passei vários carnavais, aprendendo e apreendendo uma outra batida das raízes brasileiras. E, em Porto Alegre, fiz questão de conhecer quase tudo. Passei na União da Tinga, nos Imperadores, na Praiana, no Império da Zona Norte e, é claro, na mais querida Imperatriz Dona Leopoldina, que no próximo carnaval levará para a Avenida a história da União Nacional dos Estudantes.
Respeito e carinho tenho por todas elas. Me fascina a bagunça mais organizada que é colocar uma escola de samba na avenida. Nos últimos anos tenho desfilado no Império da Zona Norte, escola que aprendi a gostar, respeitar e onde fiz grandes amigos. Mas, não tem jeito: paixão é Imperatriz.
Ao chegar, neste ano em Brasília, descobri e ainda estou desbravando inúmeros recantos de sambistas. E posso afirmar, categoricamente, para quem não conhece a Capital Federal que tem samba e samba da melhor qualidade por aqui. Grupos e artistas, que não perdem e até, em alguns casos, superam em predicado, grandes nomes do mundo do samba de raiz. Como exemplo, cito a cantora Teresa Lopes, dona de uma voz incrível e com uma presença de palco extravagante e excepcional simpatia.
Qualidade musical de primeiríssima se encontra em grupos como o “Adora Roda”, “Candanguero”, “Maracangalha”, “Coisa Nossa”, “Bom Partido”, “Volta por cima”, entre outros. Os compositores também não ficam pra trás, como é o caso de Vinícius de Oliveira.
Eventos também corroboram para que o samba de raiz vá se fixando e firmando espaço na capital de todos os brasileiros. O Semente da Vila, surgido este ano e que já atingiu sua 9ª edição, tem sido um ponto de encontro dos amantes do samba.
Agora, por iniciativa do cantor gaúcho Jamys Ferraz, em parceria comigo na produção, surge o Terreiro de Bamba, que pretende tornar-se o novo espaço dos bambas, realizando a deliciosa mistura bem brasileira do mais autêntico samba de raiz com feijoada completa. Essa kizomba, estreia no próximo dia 11, na Casa do Ceará.
Aproveito para te convidar para participar dessa belíssima festa e celebrar nossas raízes.
Viva o samba!
Viva o Brasil!
Viva a raça brasileira!
Sônia Corrêa