MST faz manifestação e GDF repudia atos
Depois de quatro horas interditada, a pista da BR-040 sentido Brasília-Valparaíso, foi liberada às 14h30 desta quarta-feira .
Publicado 22/11/2012 08:05 | Editado 04/03/2020 16:40
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) montaram uma barricada no local e atearam fogo a pneus. A rodovia fica na saída sul de Brasília e é utilizada para quem vai para Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.
Cerca de 40 homens do Batalhão de Choque chegaram ao local por volta das 14h para garantir a saída dos manifestantes, mas não houve confronto. A pista no sentido contrário, Valparaíso-Brasília, foi liberada pouco antes, após negociação da polícia com os manifestantes.
"Eles [os homens do Batalhão de Choque] vieram para garantir a retirada, mas os manifestantes já tinham aceitado liberar a primeira pista, que vai para Brasília, e nós conversamos com eles, que mantiveram enquanto puderam os pneus pegando fogo na pista sentido Valparaíso, mas ao fim aceitaram sair", explicou o tenente-coronel Luiz Coelho Júnior, responsável pela equipe da Polícia Militar que acompanhou o protesto.
Os manifestantes começaram a ocupar as pistas às 10h30, reivindicando agilidade no processo de reforma agrária no Distrito Federal.
De acordo com Josenilton Rodrigues da Silva, coordenador estadual do MST no DF e entorno, cerca de 1.200 famílias estão acampadas, desde agosto, em uma área próxima ao local do protesto, às margens da BR-040, distante 26 quilômetros de Brasília. Silva informou que há uma ordem judicial determinando a desocupação do terreno até 1º de dezembro. “O problema é que não podemos sair se o governo do Distrito Federal não nos der outra alternativa. Queremos sentar para negociar isto, mas o governo retrocedeu nas discussões”, disse.
Integrantes do MST também protestaram na BR-020 e ocuparam a pista no sentido Formosa (GO)-Brasília, o que causou congestionamento. Eles bloquearam a estrada com pneus e galhos que foram queimados.
Na BR-080, os manifestantes se mobilizaram na altura no balão do Incra 8. Eles também chegaram a fechar os dois sentidos da via, mas a polícia conseguiu convencê-los a liberar uma das pistas e, por volta das 11h30, apenas a via no sentido Brazlândia estava interditada.
Governo do DF repudia manifestações
O governo do Distrito Federal (DF) repudiou, por meio de nota, os protestos, classificando as ações como radicais por terem causado transtornos à população.
Na nota, o governo do DF informou que a área ocupada pelos sem-terra, próxima ao Catetinho (primeira residência oficial do presidente Juscelino Kubitschek), às margens da BR-040, deverá ser desocupada até o dia 1º de dezembro, conforme acertado em negociação entre os órgãos do governo, a Ouvidoria Agrária Nacional, o MST e o Movimento de Apoio aos Trabalhadores Rurais. Segundo o governo, um termo foi assinado pelos dois movimentos sociais para deixar o terreno.
“O governo trabalha para que o movimento cumpra o acordo e realize uma desocupação pacífica, como já aconteceu em outros momentos. O GDF não vai permitir a postura de embate que o grupo pretende criar e neste momento trabalha para pôr fim à desordem”, diz a nota.
Sobre o processo de reforma agrária no DF, o documento destaca que “os movimentos sociais de luta por reforma agrária para agricultura familiar” têm “espaço de negociação” e lembra que este ano foi criado o Fórum Distrital de Política de Reforma Agrária, instância coordenada pelo governo, com espaço para o diálogo.
“Periodicamente são realizados encontros para identificar áreas produtivas, planejar melhorias para o setor e intermediar o diálogo entre os órgãos governamentais e os movimentos sociais”, acrescenta a nota.
O governo do DF apoia as reivindicações dos movimentos sociais e enfatizou que “a agricultura familiar ganhará um impulso que beneficiará economicamente todo o Distrito Federal.”