Filme com memórias da ditadura será lançado no Recife

Na próxima segunda-feira (27), o Movimento Tortura Nunca Mais em Pernambuco e o Projeto Marcas da Memória, da Comissão de Anistia, lançam, no Recife, o documentário A Mesa Vermelha, dirigido e roteirizado pela cineasta Tuca Siqueira. O evento acontece no Cine São Luiz, no Centro do Recife, a partir das 20h.

Trata-se do resgate da memória de 23 ex-presos políticos que militaram no Estado durante a ditadura militar e compartilharam a experiência do cárcere na Casa de Detenção (atual Casa da Cultura) e na Penitenciária Barreto Campelo, em Itamaracá, Litoral Norte. Entre eles, estão: Alberto Diniz; Luciano Siqueira, vice-prefeito do Recife; Alanir Cardoso, presidente do Comitê Estadual do PCdoB; e Carlos Alberto Soares, que chegou a ser condenado à morte duas vezes.

O argumento é semelhante ao documentário Vou contar para os meus filhos, dirigido por Tuca e lançado em 2011, que resgata a memória das ex-presas políticas do Estado, encarceradas e torturadas na Colônia Penal Feminina do Bom Pastor. “Enquanto as mulheres são levadas muito por uma percepção feminina, com uma camada mais emotiva, percebo que os homens mantêm o diálogo num campo mais racional, focados no debate político mesmo”, explicou Tuca ainda durante as gravações de A Mesa Vermelha, em junho de 2012.

“Tenho duas alegrias com esse projeto: a primeira é de voltar a algo que tem muita ligação com as minhas origens, pois cresci ouvindo alguns desses relatos, existindo aqui uma rede muito forte de afetos entre a produção e os entrevistados (além de Luciano e Tuca, pai e filha, o sociólogo José Arlindo Soares, pai de Camilo Soares, diretor de fotografia, também participa do filme). Além disso, gosto muito de trabalhar com a memória no sentido de provocar uma discussão, numa pegada de juntar cinema e educação, algo que, pode até soar sonhador, mas acredito que pode mudar o mundo”, completou a cineasta, na ocasião.

Participam do documentário os ex-militantes e ex-presos políticos Carlos Soares, Cláudio Gurgel, Mário Miranda, Chico Assis Rocha, Pery Falcon, Samuel Firmino, Érico Dorneles, José Calixtrato, Adeildo Ramos, Luciano Siqueira, Alanir Cardoso, Luciano Almeida, Perly Cipriano, Emilson Ribeiro, João Bosco Rollemberg e Alberto Vinicius, além do jornalista Marcelo Mário Melo, entre outros.


Grupo de ex-presos políticos caminha pela Avenida Guararapes, no Centro do Recife, durante as gravações do filme. Foto: Site-Arquivo

“No filme, senhores jovens subversivos comentam sobre a convivência nos presídios masculinos pernambucanos durante o período militar. Da chegada ao cárcere, do afeto, da greve de fome, do papel dos coletivos dentro da cadeia. O sentimento de pertencimento é o que move este documentário. Aos personagens, o pertencimento a uma geração. À equipe técnica, o sentimento de pertencimento a um país que busca sua memória, que busca sua verdade”, destacou Luciano Siqueira.

As gravações do documentário coincidiram com a instalação da Comissão Estadual da Verdade, que investiga os crimes cometidos contra militantes de esquerda durante a ditadura militar (1964-1985).

Fonte: Site de Luciano Siqueira, com informações da FolhaPE.