Prêmio Nobel e líder indígena argentinos são recebidos pelo papa

O papa Francisco recebeu nesta segunda-feira (24) seu compatriota e Prêmio Nobel da Paz, o argentino Adolfo Pérez Esquivel, e o líder da comunidade indígena Qom La Primavera, Félix Díaz, informou em um comunicado a sala de imprensa vaticana.

Papa conversa com os argentinos Félix Díaz (líder Qom), e Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel,

O líder indígena manifestou ao pontífice seu agradecimento pela audiência e o a “manifestação de interesse e de apoio”.

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Também apontou as dificuldades dos povos indígenas da Argentina e da América Latina, assim como sua preocupação pela proteção dos seus direitos, especialmente no que se refere ao território e identidade cultural.

Pérez Esquivel denunciou em várias ocasiões o sofrimento que há décadas suportam as populações indígenas na maior parte do continente latino-americano, assim como a agressão das políticas econômicas que favorecem multinacionais para expropriar-lhes as terras em que vivem.

“A Igreja católica teve um papel ativo na conquista da América e grande parte de cumplicidade com o genocídio dos povos originários, isto é uma parte da memória histórica dos nossos povos que não esqueceremos”, sustentou o Nobel da Paz em 1980 e presidente da organização não governamental Serviço Paz e Justiça (Serpaj).

Ele destacou que “assim mesmo também houve muitos sacerdotes e ordens religiosas que se puseram do lado dos povos indígenas frente à opressão”. “Não é por acaso que um jesuíta latino-americano queira receber e escutar os povos originários” expressou o Nobel argentino.

Há algumas semanas Félix Díaz foi nomeado como um dos delegados da Cúpula Nacional Argentina dos Povos e Organizações Indígenas, encontro em que se denunciaram graves marginalizações que sofrem estes povos no país sul-americano.

Díaz é líder da comunidade indígena Qom Ls Primavera, da província argentina de Formosa, e denunciou que seu povo é alvo de constantes agressões.

O episódio mais grave foi registrado no último 22 de maio, quando um aborígene Qom morreu na província de Chaco, no norte do país, nos graves confrontos com a polícia durante um protesto em que reivindicavam terras.

Félix Díaz denunciou também que sua sobrinha, Delina Díaz, morreu recentemente por falta de atendimento médico.

2,38% da população argentina é indígena, uma cifra que chega a 4% na província de Chaco e aos 6,1 por cento na de Formosa, segundo o último censo argentino, de 2010.

Com Infolatam