Morrer pobre na Grécia, o lado macabro da austeridade

O morto, Stathis Nikolaidu, de 64 anos, encontrava-se desempregado há bastante tempo e só a escassa pensão de viuvez de sua irmã Olga, com a qual compartilhava a casa, tornava possível sua frugal existência.

Quando Stathis morreu em seu domicílio, no sábado à tarde, Olga não encontrou nenhuma funerária que aceitasse o corpo se não pagasse adiantado, exigindo até 1.600 euros para mantê-lo congelado até que pudesse solicitar uma ajuda da assistência social.

Os hospitais também não puderam ajudar, como as ambulâncias não podem transportar os mortos a não ser que sejam vítimas de acidentes de trânsito, nem a Arquidiocese de Atenas que tinha seus escritórios fechados até esta terça, já que na segunda-feira foi feriado.

As horas se passavam e Olga teve que passar a dura prova de compartilhar seu pequeno apartamento com um cadáver em decomposição. "Coloquei três ventiladores na habitação, mas o mau cheiro estava em todas partes, fazia muito calor", explicou.

"Perdi os dois trabalhos que cheguei a ter por causa da crise, com minha pensão não tínhamos bastante para pagar o aluguel e comer os dois, e já tinha vendido o ouro e a prata que tinha", assegurou ao jornal.

Até hoje pela manhã o enterro ainda não havia sido realizado, já que só depois de o escritório da assistência social abrir as portas é que pode assumir o caso, aceitando assumir os custos.

Segundo Yorgos Papandreu, responsável pelos cemitérios municipais de Atenas, "ao menos neste caso havia um familiar que desejava enterrar o falecido", o que nem sempre ocorre nesses tempos pois, segundo relatou, quando a morte ocorre em um hospital muitos são abandonados deixando às autoridades a responsabilidade de enterrá-los.

Fonte: Prensa Latina