Entrevista: João Batista Lemos fala dos últimos acontecimentos

Presidente do PCdoB na capital, Batista fala do lançamento de Jandira à candidatura majoritária, do Fórum de Esquerda e dos desafios do 13° Congresso.

 No último sábado (10), a Comissão Política do PCdoB aprovou a decisão de lançar Jandira Feghali à majoritária no Rio de Janeiro em 2014 O presidente estadual do PCdoB, João Batista Lemos, falou sobre o assunto e sobre outros pontos de interesse dos comunistas.

Batista falou da repercussão do lançamento do nome de Jandira entre a militância e entre os aliados do partido; comentou sobre o Fórum Politico e Social de Lutas no estado; falou da intensificação da crise no Rio de Janeiro e sobre a importância dos comunistas terem foco na construção do 13° Congresso do PCdoB.

Confira a entrevista do líder comunista no Rio de Janeiro:

Como foi a repercussão da decisão da Comissão Política Estadual do PCdoB-RJ de lançar a candidatura majoritária para 2014, sobretudo, sendo com Jandira Feghali, um quadro político experiente, respeitado, de esquerda?
Batista: “A resolução da Comissão Política está tendo uma repercussão altamente positiva nas bases do partido, e também entre os nossos aliados. Porque os acontecimentos de junho mudaram e sacudiram as estruturas políticas do país e de nosso estado; o quadro de 2014 não está definido ainda, não há definição sobre quem melhor pode representar aqui no estado a base aliada do governo Dilma, para dar continuidade e avançar no processo de mudanças iniciado por Lula e continuado pela presidenta. O PCdoB analisando essa atual conjuntura, com exemplo do que foi levantado pelas ruas, como a crise de representatividade, como os déficits em relação ao serviço publico, à saúde, educação, transporte e segurança; sobretudo aqui em nosso estado, nós consideramos que há necessidade e espaço político para a formação de um campo de esquerda progressista e popular como alternativa para 2014, a construir um projeto de governo para nosso estado. O PCdoB, que nas eleições municipais elegeu 3 prefeitos e passou a ter 26 vereadores, e também com forte presença nos movimentos sociais, na juventude, na luta dos trabalhadores, na luta comunitária, na frente da cultura; está credenciado para apresentar uma candidatura ao majoritário e assim contribuir para o fortalecimento desse campo, e o nome que nós apresentamos, aprovado por unanimidade na Comissão Política, é o de Jandira Feghali, uma grande liderança política em nosso estado”.

Os professores do estado estão em greve, a Câmara de Vereadores está ocupada devido aos profundos problemas do transporte público no estado, uma série de protestos se intensificam no Rio. Como o PCdoB vê o agravamento dessa crise no estado?
Batista: “O partido já vinha analisando antes mesmo das mobilizações que já estava sendo necessário avançarmos nas transformações de caráter estruturais, inclusive para dar sustentação a continuidade às conquista democráticas e sociais desses 10 anos, porque o Brasil vive uma nova encruzilhada, que se faz necessário passarmos a uma nova etapa, ou poderemos ter retrocesso. Essas lutas ocorridas no Rio relacionadas à educação, estão diretamente relacionadas à necessidade do fortalecimento da educação pública, gratuita e de qualidade nos três níveis, e isso passa pela valorização dos professores e professoras, e dos trabalhadores da educação de uma forma geral. É muito justa a luta dos professores. A questão do transporte, foi um absurdo ter instaurado essa comissão da CPI dos ônibus com pessoas que não tem compromisso nenhum com os interesses populares, compromisso nenhum em enfrentar realmente a máfia dos transportes no Rio. Então são justas essas reivindicações. Essas questões só reforçam a necessidade de construirmos uma nova alternativa para 2014 em nosso estado”.

Como o PCdoB, juntamente com outros partidos da esquerda e com os movimentos sociais, pretende dialogar com as bandeiras levantadas nas ruas e contribuir para a construção de mais avanços para o povo?
Batista: “Nós do PCdoB, juntamente com o PT, PSB e PDT, tomamos a iniciativa de constituir um Fórum Político e Social de Lutas para dar consequência às bandeiras levantadas pelas ruas. Levando em conta uma pauta democrática, como a luta pela reforma política, e a iniciativa já trabalhada pelos 4 partidos no congresso, do plebiscito como iniciativa popular; a luta fundamental pela democratização das comunicações em nosso país. Também enfatizamos a pauta social, que é encampar a luta pelas reformas estruturais e pela universalização dos serviços e políticas públicas. Questões fundamentais coma a luta pelo SUS integral e universal; a luta pelos 10% do PIB para educação, vale lembrar que já tivemos uma grande vitória com a aprovação no Congresso dos 75% dos royalties do petróleo para a educação e 25% para a saúde, isso já foi fruto das mobilizações. A questão do transporte público, a importância do combate à máfia dos transportes e às altas tarifas, coloca a necessidade da constituição de um fórum metropolitano composto pelas administrações municipais, empresas e usuários; na defesa de um novo sistema de transporte público e de qualidade no Rio de Janeiro. Há também a questão da segurança, que precisa ser melhor debatida; a importância da proposta da desmilitarização da polícia e o combate à violência policial nas ruas e nas periferias. São questões que esse Fórum vai debater em um seminário, marcado para o dia 12 de setembro. Esse Fórum é composto, além dos 4 partidos, também pela CUT, CTB, UEE-RJ, MST, Consulta Popular, FAMERJ; que são as principais entidades dos movimentos sociais que integram esse Fórum. O PCdoB tem jogado um papel protagonista no processo dessa construção”.

Sabemos que os comunistas estão se preparando para o 13° Congresso do PCdoB. Esse é o foco central do partido no momento?
Batista: “No momento atual estamos cheios de tarefas, temos essa questão do projeto de 2014, o Fórum Político e Social, entre outras. Mas camaradas, a etapa atual é a do 13° Congresso do Partido, esse deve ser o nosso foco, a mobilização do coletivo partidário em todo estado, com a realização das assembleias de base, das plenárias, conferências municipais; para debater as teses apresentadas pelo Comitê Central, e para realizar um balanço das direções municipais e sua renovação nas cidades. Por isso é importante toda militância se envolver no processo de mobilização do nosso congresso, o partido sairá mais forte para as próximas batalhas políticas que virão”.