Farc acusam governo da Colômbia de manchar panorama político
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (Farc-EP) responsabilizaram o governo colombiano de "ensanguentar" o panorama político do país, em declarações dadas neste sábado (14), pela delegação que está em Havana, Cuba, participando dos diálogos de paz com o governo do presidente Juan Manuel Santos, iniciados no fim do ano passado.
Publicado 14/09/2013 17:01

“É o sangue dos de baixo, que como heróis descamisados recebem as balas, as bombas atordoantes, os gases e a brutalidade das forças de repressão, especialmente do Esquadrão Móvel Antidistúrbios”, afirma o comunicado divulgado neste sábado pela delegação.
“A greve no setor agrícola e seus ecos de indignação e interpelação ao regime não cessam, têm a resposta governamental de sempre: prometer, enganar, reprimir e continuar com a marginalização do campo, com a entrega da soberania às transnacionais, mais recentemente através dos tratados de livre comércio”, ressalta o documento.
“Não cessam os projetos neoliberais e a repressão, mas não cessam também o levante dos mineiros, dos campesinos, enquanto os educadores paralisam o seu trabalho e os estudantes levantam a sua voz em prol de uma educação gratuita e de qualidade”, pontua.
O comunicado das Farc enfatiza também a “agitação” no cenário político, “mas o protesto social transborda e o regime, no desespero da sua ganância, mancha de sangue a contenda”. Todas as exigencias dos manifestantes são antigas aspirações postergadas, o que conduziu o país ao fundo da miseria e de uma confrontação entre compatriotas que já dura mais de meio século sem soluções, agrega o texto.
Em Havana, capital de Cuba, as Farc-EP asseguram, “buscamos os caminhos para alcançar a paz estável e duradoura, com a particularidade de que, ainda que o discurso de paz esteja na boca dos governantes, suas ações são de hostilidade econômica e bélica contra os desprovidos”.
Em meio à dramática situação, o presidente da Colômbia anunciou um Pacto Nacional pelo Agro e pelo Desenvolvimento Rural, para fazer a refundação do campo colombiano, mas nada se diz sobre colocar um ponto final aos tratados de livre-comércio.
“Os mesmos são o que mais ruína trazem ao campo, e também não se faz referencia à ‘estranjeirização’ da terra, ou à sua redistribuição a partir da culminação do latifúndio”, afirma o documento da guerrilha. “O problema não se resolve com oportunismo ou panos quentes”, alertam as Farc, ratificando seu compromisso com a maioria campesina da Colômbia.
Com Prensa Latina,
Da redação do Vermelho