Cláudio Ferreira Lima: A questão regional revista

Por *Cláudio Ferreira Lima

Nesta segunda-feira (10/02), às 19h, o Centro Industrial do Ceará (CIC), juntamente com a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), lançará na Casa da Indústria o relatório do Integra Brasil: Fórum Nordeste no Brasil e no Mundo, que constitui o mais atual e completo panorama originado no setor produtivo sobre a questão regional no Brasil.

Trata-se, antes de tudo, de abordagem inovadora, assentada em base consistente de dados, informações e análises e debatida em todos os estados da Região e nas duas Casas do Congresso Nacional.

As atividades, que contaram nas mesas de trabalho com 82 destacadas figuras dos meios acadêmico, técnico, empresarial, político e governamental, dividiram-se em duas etapas: a primeira, para se conhecer o estado d’arte e se aprofundar a temática regional; nela, além de temas mais usuais, como situação atual, perspectivas, aspectos político-institucionais e estratégicos, abordaram-se as diferenças intrarregionais e as oportunidades e desafios do Nordeste segundo acadêmicos, empresários, membros do governo e de organizações internacionais.

Já a segunda etapa concentrou-se nos caminhos para a transformação estrutural da Região. Foi quando se traçaram, em grandes linhas, não apenas a reorientação da economia, mas principalmente os eixos para o Plano Estratégico de Desenvolvimento a ser levado à negociação nos grandes fóruns de discussão do País.

Em princípio, o Plano articula quatro eixos: integração econômica virtuosa do Nordeste no Brasil e no mundo, por meio de atividade produtiva sustentável; melhoria da qualidade de vida, com força-tarefa para atacar os grandes déficits como saúde, educação, ciência & tecnologia e segurança pública; fortalecimento dos laços regionais, mediante ações conjuntas como de reorganização do semiárido e de valorização da cultura nordestina; e reestruturação do aparelho político-institucional e administrativo para o desenvolvimento regional, reforçando-o com a participação direta da sociedade.

O Nordeste, com 28% da população e 13,5% do PIB, é a grande fronteira de crescimento do País. Possui 29% da Câmara dos Deputados e 33% do Senado Federal, mas a maioria dessa força política, embora forme a base do governo, está distante do centro de decisões econômicas, e este, não havendo projeto nacional, se rege pelo ponto de vista das regiões mais ricas. Não bastasse isso, à falta de política regional, os estados da Região competem entre si por investimentos privados e verbas da União. Por isso, apesar de todo o aparato existente, persiste o fosso entre o Nordeste o Sudeste e, daí, entre o Brasil e o Primeiro Mundo.

Nessas condições, a saída é a sociedade civil nordestina organizar-se no Fórum Integra Brasil, a fim de respaldar o sistema político regional – que tem forte potencial de influência sobre as decisões de governo –, na negociação, em nível federal, do citado Plano estratégico, que visa mudar o Nordeste para tornar o Brasil desenvolvido. Mas, para tanto, deve-se começar fazendo boas escolhas nas eleições deste ano.

*Cláudio Ferreira Lima é economista.

Fonte: O Povo

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