Figueiredo vai à Bolívia discutir represas no Rio Madeira

O chanceler brasileiro, Luis Alberto Figueiredo, iniciou, nesta sexta-feira (7) uma visita a Bolívia para tratar sobre a compra de gás por parte de seu país, as inundações na zona amazônica boliviana e o narcotráfico.

Vista de Trinidad, na região de Beni, na Bolívia. As fortes chuvas na região causaram enchentes em todo o nordeste do país| Foto: David Mercado/Reuters

A presença de Figueiredo ao país permitirá analisar vários temas dentro das relações bilaterais, adiantou a ministra de Comunicação boliviana, Amanda Davila, que especificou que a prioridade está no gás e a respeito de duas represas brasileiras, causadoras supostamente das inundações em Beni.

Sobre as represas, foi uma petição que a Bolívia fez ao Brasil no relatório sobre os perfis das represas de Santo Antonio e Jirau (no rio Madeira), destacou Davila.

Ao mesmo tempo, esclareceu que ainda que não haja um dado concreto nem um relatório final de estudo sobre essas represas e o possível efeito na zona de Cachuela Esperanza e Guayaramerín, será um dos temas centrais a analisar com o chanceler do país vizinho.

Alguns especialistas bolivianos consideram que a colocação em funcionamento de duas hidroelétricas nas respectivas represas agravariam as inundações na Amazônia boliviana, as quais duram já várias semanas, com milhares de famílias prejudicadas e numerosos danos à agricultura e pecuária.

Faz pouco mais de uma semana, autoridades brasileiras e bolivianas reuniram-se em Brasília para analisar o tema, segundo o chanceler David Choquehuanca, porque o presidente Evo Morales solicitou relatórios para verificar o efeito de ambas obras do país vizinho na Bolívia.

Davila destacou também que "se pediu ao Brasil toda a informação para que a Bolívia avalie o tema e veja que pode ser feito, também se pediu às Forças Armadas e a outras instituições que façam estudos na zona boliviana sobre o comportamento do nível de água como efeito da represa".

Em resposta à solicitação brasileira, chegará a Bolívia uma comissão daquele país para estudar e verificar se as inundações foram causadas pelas represas.

Ainda que não se tenha informado oficialmente, analistas acham que a visita de Figueiredo servirá para tratar também aspectos relacionados com o narcotráfico e o desenvolvimento das zonas fronteiriças.

O Brasil é o maior sócio comercial da Bolívia e o principal destino do gás, com cifras que superam os 30 milhões de metros cúbicos por dia.

Fonte: Prensa Latina