Com as vítimas, Farc e governo da Colômbia voltam a negociar a paz
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e o governo do presidente Juan Manuel Santos retomaram nesta terça-feira (12) os diálogos de paz, centrados no tema das vítimas. Neste 27º ciclo das conversações, a novidade é a participação de alguns dos afetados pelo conflito.
Publicado 12/08/2014 12:56

A primeira visita das vítimas à mesa de negociações em Havana, Cuba, deve acontecer no próximo sábado (16). As partes concordaram, no mês passado, que um grupo de 12 pessoas fosse incluído nesta etapa, com o objetivo de analisar com complexidade as consequências do conflito mais antigo da América Latina.
“Reiteramos que é fundamental que prevaleça o equilíbrio, a pluralidade e coerência na eleição das delegações, que devem ter em conta os diferentes setores sociais e povoados, além do enfoque territorial”, afirmaram as partes em um comunicado conjunto sobre a visita das vítimas.
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Antes do início desta rodada, o governo e as Farc fizeram referência também à criação de uma Comissão Histórica do Conflito e suas Vítimas (CHCV), o que possibilitaria compreender o contexto histórico do enfrentamento interno. Da mesma forma, o organismo seria responsável por fomentar a discussão em diferentes pontos pendentes no Acordo Geral – etapa final dos diálogos, mas prévia à implantação do processo de paz.
No mesmo comunicado, as partes informaram que já acordaram as pautas que devem direcionar o trabalho dessa Comissão, em termos de mandato, estrutura e entrega de informes, composição, instalação, duração e divulgação do trabalho.
A instalação deste organismo deve acontecer no próximo dia 21 de agosto e a Comissão terá 12 especialistas e dois relatores. De acordo com o texto, também serão criadas subcomissões relacionadas com o terceiro ponto da agenda: “fim do conflito”.
Prazos
Com a reeleição de Juan Manuel Santos, a expectativa em torno dos prazos para o término das negociações cresceu bastante na Colômbia. Contudo, o novo ministro do Interior, Juan Fernando Cristo, manifestou que “não se deve colocar prazos fatais à paz”. Para ele é necessário persistir na solução em prol de um acordo final, mesmo que isso não se materialize neste ano.
Delegações do governo da Colômbia e das Farc buscam, desde novembro de 2012, aproximar posturas que permitam chegar a um acordo para o fim do conflito, e garanta uma paz estável e duradoura.
Até o momento já chegaram a pré-acordos nos pontos 1, 2 e 4 da agenda (política de desenvolvimento agrário, participação política e solução para o problema de drogas ilícitas). Ainda estão pendentes a questão das vítimas, do fim do conflito e da implementação, verificação e referendo.
Théa Rodrigues, da redação do Portal Vermelho
Com informações da Prensa Latina