Onã Rudá: Meu nome não é Junior
O contexto de eleições que vivemos nesse momento no Brasil deve servir para que façamos profundas reflexões sobre modelo político vigente, possibilitando a identificação das contradições e mecanismos de saná-las e garantir cada vez mais o aprofundamento da democracia e da luta por direitos iguais.
Por Onã Rudá*, para o Vermelho
Publicado 18/08/2014 08:56

É preciso sempre pensar na renovação da política para que haja uma oxigenação constante nas instâncias de representação, nos debates e para que cada vez mais os projetos sejam evidenciados em detrimento do personalismo.
A luta social forma cotidianamente quadros jovens e qualificados politicamente com condições de exercerem mandatos políticos eletivos. Seja nas lutas por garantia de trabalho com condições e salários dignos, na luta pela vida dos jovens negros, na luta por mais mulheres nos espaços de poder, nas lutas estudantis por melhor educação, nas lutas lgbt por mais direitos, luta pelo esporte, pela cultura, na expressão hip hop e tantas outras frentes, cotidianamente jovens são formados politicamente.
Alguns setores reacionários do Brasil sinalizam para a renovação da política através da eleição de filhos e netos de velhos coronéis ou personalidades, mantendo uma velha política, mas com uma cara nova e a velha lógica personalista.
Existem muitas figuras que herdaram a tradição política da família e foram testadas em diversas esferas, não só a institucional, e mesmo nesta, foram galgando espaço em compasso com a experiência que adquiriam e a compreensão da importância do bem público e da responsabilidade da representação.
Como as condições de disputa política são completamente desiguais a possibilidade de um jovem formado na luta social obter vitória é extremamente inferior a de um “Junior”. Isso justifica o porquê de só termos 70 deputados oriundo das lutas sociais dentre 513.
Por isso está na pauta de jovens que lutam por uma nova cultura política e o aprofundamento da democracia e participação popular, uma Reforma Política com fim do financiamento privado de campanha através de uma constituinte soberana.
*É Conselheiro Universitário da UFBA e da Juventude da Bahia, diretor de Comunicação e LGBT da UJS-Ba e secretário de Organização da UJS Salvador