Farc assumem responsabilidade na guerra e reiteram direito à rebelião
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia–Exército do Povo (Farc-EP) reconheceram suas responsabilidades no conflito interno colombiano, ao pronunciar-se durante a semana que passou como parte do processo de paz instalado em Havana, Cuba, desde 2012.
Publicado 01/11/2014 18:42
Como força político-militar beligerante no conflito social e armado desenvolvido na Colômbia há mais de 50 anos, é evidente que interviemos de maneira ativa e impactamos o adversário e de alguma maneira isto afetou a população que viveu imersa na guerra, afirmou a guerrilha em comunicado emitido na última quinta-feira (30/10).
Somos expressamente responsáveis por todos e cada um dos atos de guerra executados por nossas unidades conforme as ordens e instruções emanadas de nosso comando e assumimos suas consequências, afirmaram as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP).
Somos conscientes de que nem sempre os resultados de nossas ações foram os previstos ou esperados pelas Farc-EP, e assumimos suas consequências como não podia deixar de ser, afirma a guerrilha.
As Farc-EP assumirão a responsabilidade naquilo que nos concerne, agregou o comunicado no contexto do 30º ciclo das conversações de paz com o governo colombiano, atualmente centrado no tema das vítimas do conflito.
Igualmente, a guerrilha afirmou enfaticamente que "a população não foi o alvo principal nem secundário das ações defensivas ou ofensivas de nossas estruturas armadas, ou seja, nunca existiu nas Farc- EP uma política de determinação subjetiva para a vitimização sistemática e deliberada contra a população".
Reconhecemos explicitamente que nossas ações afetaram civis em diferentes momentos e circunstâncias ao longo do conflito, que ao prolongar-se gerou maiores e múltiplos impactos, mas jamais como parte de nossa razão de ser, prossegue o comunicado.
A guerrilha também reiterou seu compromisso explícito com os princípios acordados pelas partes para definir o marco normativo e político das responsabilidades, isto é, o Direito Internacional e o Direito Internacional Humanitário, tendo também em conta as particularidades do conflito.
Igualmente, a insurgência se referiu à importância da Comissão histórica do conflito e suas vítimas e da Comissão de esclarecimento, memória e não repetição para a definição das responsabilidades do conflito.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia- Exército do Povo (Farc-EP) defenderam também o direito à rebelião diante da vulneração dos direitos do povo, em declaração feita neste sábado (1º/11) por Paulo Catatumbo, porta-voz da guerrilha. O dirigente afirmou que a organização nasceu como resposta a uma política de extermínio da oposição colombiana.
O texto apresentado por Catatumbo sublinha que a guerra contra o povo foi apoiada por sucessivos governos dos Estados Unidos.
O comunicado das Farc-EP defende que o ataque aos direitos do povo justifica plenamente a rebelião.
A guerrilha manifestou que surgiram situações imprevisíveis e ocorreram em alguns casos erros desafortunados, mas que estes nunca foram intencionais nem sistemáticos, nem obedeceram a uma política da organização guerrilheira.
Com Prensa Latina