Economia mundial 2014: entre riscos e estancamento

O Fundo Monetário Internacional (FMI) estimou a princípios deste ano que o crescimento da economia mundial em 2014 seria de 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB), uma cifra que o organismo financeiro reduziu três vezes nos últimos meses.
ento do 3,2%, mas também deveria rebaixar essas previsões ante o comportamento negativo dos principais indicadores.

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Por sua vez, o Banco Mundial previu em janeiro passado que o PIB teria uma reincidência positiva, com um aumento do 3,2%, mas também deveria rebaixar essas previsões ante o comportamento negativo dos principais indicadores.

As contínuas revisões desse tipo de prognósticos refletiram a preocupação existente nos últimos 12 meses sobre o estado atual da economia, que apesar das fortes medidas de austeridade e as ações de resgate continuou sem dar sinais de uma melhoria sustentada.

Em outubro, o FMI considerou que o crescimento global seria de 3,3%, quatro décimas a menos que o previsto 10 meses dantes, e assinalou que os riscos para a atividade econômica se têm agravado devido a fatores como as tensões geopolíticas e a volatilidade dos mercados.

Outros perigos mencionados pela entidade foram o estancamento e o pouco avanço nas nações desenvolvidas, bem como uma diminuição no progresso potencial dos países emergentes, os quais voltarão a ser os de maior incremento, com um 4,4% do PIB.

Segundo considerou então Christine Lagarde, diretora do organismo frequentemente criticado pelo aplicativo de políticas que não medem consequências financeiras e sociais, à economia global lhe está custando muito tempo sair do grande buraco causado pela crise iniciada em 2008. Corremos o perigo de ficar estancados em uma nova mediocridade de escasso crescimento e insignificante criação de empregos. Para superá-la, precisamos outra mobilização das políticas, expressou a titular do FMI, cujas estratégias anti-crise parecem não dar resultados.

Nesse palco marcado pela interdependência entre as diferentes regiões do planeta, continuou como sinal de alarme o panorama dos membros da zona euro, onde as recessões e as ameaças de inflação levaram augurar um crescimento de somente 0,8% no território.

De acordo com o Executivo do bloco comunitário, a Eurozona precisará de outro ano para atingir um modesto nível de crescimento, pois estará sozinho em 2016 quando a expansão chegará em 1,7% do PIB, cifra prevista inicialmente para 2015.

Tal contexto vê-se mais complicado pela situação da principal potência do bloco, Alemanha, cujo progresso neste ano será de 1,3% e o próximo se localizará só em 1,1%, longe dos 2% antecipado na primavera passada. Ao mesmo tempo, a dívida dos países do bloco tem crescido e localiza-se em níveis muito elevados como os da Grécia (174,9% do PIB), Itália (132,6%); Portugal, (129%) e Bélgica (101,5%).

Outro fato preocupante em 2014 foi que o Japão entrou em recessão, pois o PIB do território asiático se contraiu 1,6% anual no terceiro trimestre do ano, um resultado muito pior que o avanço de 2,2% esperado pelos experientes.

Segundo analistas, a subida do imposto sobre o valor agregado que se implementou na nação nipônica desde abril complicou enormemente os objetivos do primeiro ministro Shinzo Abe de abandonar mais de 15 anos de estancamento e inflação.

O consumo interno, que supõe 60% do PIB japonês, cresceu somente um 0,4% de julho a setembro, enquanto o investimento das empresas e do setor imobiliário baixou 0,2% e 6,7 %, respectivamente.

Para os Estados Unidos 2014 tem sido um período de otimismo, pois segundo dados oficiais o PIB cresceu 5% durante o terceiro trimestre, o ritmo mais veloz dos últimos 11 anos, que aponta a um fechamento de ano com expansão considerável.

De acordo com Paul Craig Roberts, a expansão registrada nos meses passados não é consequência de aumento dos rendimentos reais dos consumidores, do incremento do crédito ao consumo, da subida das vendas varejistas reais ou de um superávit comercial.

O crescimento teve sua origem em uma pesquisa de despesas dos consumidores em serviços realizada pelo Escritório de Análise Econômica. Esse ente encontrou que era a despesa em Obamacare o que tinha impulsionado o crescimento do PIB real, explicou.

Craig Roberts precisou que nos Estados Unidos, a diferença de outros países, uma grande parte das despesas médicas vão parar às arcas de benefícios das empresas de seguros, não ao sistema de atenção sanitária, pelo que interpretar estas despesas como crescimento é disparatado.

Por sua vez, as vendas de moradias caíram em novembro ao mínimo semestral, e a situação do emprego, segundo o jornal Washington Times, é pior que o declarado, porque 15% da população é incapaz de encontrar trabalho.

Entretanto, a Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (Cepal) considerou que durante o atual ano esta área geográfica tem registrado um menor avanço a raiz da lenta recuperação da economia mundial e a desaceleração dos investimentos.

A dizer do organismo, o área crescerá só um 1,1% ao termo de 2014, cifra menor que 2,2 % do planificado, pelo que os países latino-americanos e caribenhos enfrentam o desafio de aumentar as taxas de investimento público e privada.

De igual modo, a Cepal estimou que a integração deve desempenhar um papel protagonista para aumentar a demanda agregada e apoiar os avanços na produtividade através da inclusão das empresas em correntes de valor regionais.

Com esse panorama, o banco alemão Deutsche Bank previu que durante 2015 e nos anos seguintes o comércio mundial deverá estar em linha com a média de crescimento do PIB global de 3,5% até 2019, junto com uma debilidade cíclica das exportações fomentada pelos poucos investimentos.

Contudo, a Organização das Nações Unidas previu que a economia da órbita prosperará em cerca de 3,1% no ano próximo e um 3,3% em 2016, ainda que vários perigos e incertezas pudessem afetar essas projeções.

Fonte: Prensa Latina