Fórum dos Movimentos Sociais debate conjuntura política e define ações

Representantes de diversas frentes dos movimentos sociais, dirigentes partidários e lideranças comunistas participaram na manhã do último domingo (1º), na sede do Comitê Municipal de Fortaleza, da 6ª Reunião Ordinária do Fórum Estadual dos Movimentos Sociais PCdoB/CE. No encontro foram debatidos os desafios da atual conjuntura política, além de definidas ações e um calendário de atividades a ser defendido pelos comunistas.

Na abertura do encontro, o presidente estadual do PCdoB-CE, Luis Carlos Paes de Castro destacou o momento difícil pelo qual o país passa. “Vencemos as eleições, mas, em função das dificuldades econômicas que se agravaram e da atitude antidemocrática da oposição que não aceitou a derrota nas urnas, continua a campanha política, porém, diferentemente da campanha eleitoral, só um dos lados ocupa espaço na grande mídia. Há uma tentativa de desestabilização do governo e, para isso, utilizam todos os meios para alcançar este intento, criando mais obstáculos à superação dos problemas do País”, considera.

Em defesa da Petrobras, em defesa do Brasil

O dirigente alertou que o movimento efetuado com a Operação Lava Jato “tem o objetivo de enfraquecer a Petrobras, a maior empresa nacional, paralisando importantes obras de infraestrutura, quando precisamos ampliá-las como forma de superar as dificuldades”.

Dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), reforça Paes, a Petrobras tem sido uma companhia de grande destaque, “com a contratação de novas refinarias, modernização de equipamentos, encomendas de navios e plataformas submarinas, envolvendo centenas de empresas e gerando milhares de empregos”. “Paralisar obras ocasiona desemprego e recessão”, ratifica o presidente do PCdoB-CE que acrescenta: “O Brasil deixou de ser o país que produzia pouco petróleo há algumas décadas para ser detentor de grandes reservas e com total capacidade de explorá-las em benefício de nosso povo a partir do descobrimento do Pré-sal. Não podemos aceitar passivamente a tentativa de enfraquecer a Petrobras, de mudança do atual sistema de partilha e, em última instância, de privatizá-la”.

Esta campanha permanente de ataque à Petrobras, avalia o comunista, alcança também as principais empresas nacionais da área da construção. “Tentam forjar um clima de desconfiança no meio empresarial, visando a paralisia dos investimentos, justamente quando o país está precisando ampliar sua infraestrutura para crescer e gerar novos empregos. Tudo isso tem o objetivo de desgastar o governo e criar um ambiente de instabilidade política ”, considera.

Ainda sobre as investigações da Operação Lava Jato, o dirigente comunista reforça a importância das investigações. “Sabemos do anseio da sociedade, que também é do PCdoB, de punir os responsáveis por desvios de recursos públicos e que o dinheiro do patrimônio público e da Petrobrás, desviado seja ressarcido. Esta ação deve ser exemplar em termos de combate à corrupção e que não se restrinja a apenas a alguns, como tem ocorrido até agora, mas atinja a todos, indistintamente, desde a sua origem, pois estes problemas, não são de hoje. Por outro lado, é preciso defender a Petrobras e as empresas nacionais que construíram, por mais de cinquenta anos, um imenso patrimônio material e de conhecimento tecnológico que pertencem ao Brasil”, defende Luis Carlos Paes.

O presidente do PCdoB-CE alerta que o governo vem sendo bombardeado, sem critério. “Sabemos que existe uma espécie de consórcio da oposição, envolvendo a grande mídia, setores do judiciário, do Ministério Público e da Política Federal, que tratam seletivamente informações para o que lhes interessa. Esta ferramenta teve serventia política na época da eleição e continua com o sentido de enfraquecer o governo da presidenta Dilma e de seu partido, disseminar um clima de ódio na sociedade e dificultar a governabilidade no País”, avalia.

Segundo Paes, no início de seu segundo mandato, a presidenta Dilma busca aliviar a tensão política e manobra politicamente, compondo um ministério mais conservador na área econômica.

“Dá um passo atrás no seu projeto desenvolvimentista tentando recompor alianças e ganhar credibilidade do mercado financeiro que não alivia sua oposição e exige sempre mais. A situação é complexa, a economia mundial, especialmente a da Europa e do Japão continuam patinando, a China reduz o seu ritmo e o crescimento americano ainda não conseguiu repor o seu nível de emprego de 2007. No Brasil, além da falta de investimentos, a carência de chuvas dificulta o abastecimento de água e energia elétrica a preços condizentes. Por outro lado, a interdição do debate econômico mais amplo, que é boicotado pelos meios de comunicação, cria uma falsa ideia na sociedade de que não há outra agenda a ser implementada que não seja aquela derrotada nas eleições, na realidade, a ortodoxia liberal, corte de gastos, elevação de juros e redução dos direitos econômicos e sociais dos trabalhadores”.

Paes reforça que o governo não pode aderir à agenda derrotada, precisa tomar a iniciativa política e ampliar o debate sobre os rumos da economia nacional, envolvendo os trabalhadores, os movimentos sociais organizados, a intelectualidade e o empresariado produtivo. “É preciso construir uma nova agenda que favoreça o crescimento, a geração de emprego e a manutenção das políticas de distribuição de renda e de redução das desigualdades sociais e regionais. Estes devem ser os principais objetivos da política econômica, a meta de inflação e o prazo para atingi-la devem estar subordinados aos objetivos anteriores. É preciso convicção, coragem e habilidade política para mudar a direção que está sendo imposta pelos derrotados nas urnas e retomar e ampliar o rumo das mudanças e das reformas democráticas, sem as quais o País corre o risco de retroceder. Foi travando esse debate durante a campanha que a presidenta conquistou o apoio do povo e a sua reeleição”, destaca Luis Carlos.

Para o dirigente comunista, essa pressão que ocorre no Brasil faz parte de um movimento mais amplo, em todo o planeta, que busca manter o predomínio do pensamento e do projeto neoliberal excludente que, apesar da profunda crise econômica, teima em continuar predominando no mundo. “Tentam capturar e controlar a produção de petróleo, além de desestabilizar governos que se opõem ao projeto neoliberal. É o que vemos no mundo árabe, na África e na Europa. Na América do Sul, além do Brasil, Argentina e Venezuela também sofrem estes ataques. O objetivo é colocar os países debaixo das asas do império americano e seus aliados, o que significará dificuldades ainda maiores para esses países e em especial para os seus trabalhadores”, projeta.

Tarefas comunistas

Diante deste cenário, o presidente estadual do PCdoB conclama a militância a se unir com o objetivo de fortalecer o governo no sentido dos avanços, a democracia e os direitos populares. “Temos tarefas muito importantes a cumprir: desenvolver uma política ampla, realizar um debate de ideias qualificado, lutar pelas reformas e defender o governo deste movimento golpista”, ratifica.

Luis Carlos Paes ressalta que fazer política não deve ficar apenas no âmbito parlamentar. “Devemos atuar em todas as frentes. O conjunto do Partido está chamado a realizar essas ações. Este movimento deve ser feito por todos nós, para recompor e ampliar a base de sustentação política do governo tanto no Congresso quanto na sociedade. Vamos às ruas nas atividades. O jogo é pesado e exige ação política ampla e mobilização popular para fazer a defesa do Brasil, da Petrobras, das empresas nacionais, do combate à corrupção, em defesa dos direitos dos trabalhadores, pelas reformas estruturais, pela redução dos juros, dentre outras bandeiras. E estas atividades devem ser encaradas como prioritárias pelos parlamentares, pelos gestores e pelos que atuam nos movimentos sociais”, defende.

“Botar o povo na rua”

Nagyla Drumond, secretária estadual de movimentos sociais do PCdoB-CE, reforçou as dificuldades pelas quais o país passa. “Estamos numa guerra, precisamos guerrear e todos os momentos de crise são fecundos para o PCdoB crescer partidariamente. Chegou a hora da reação popular, que precisa ser articulada. Para isso, iremos definir um calendário político, com grandes atos, visando defender o país e o próprio governo”.

A dirigente comunista reforça que o primeiro grande ato nacional pós-eleições será o 8 de março, data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, convocado para ser uma manifestação política em defesa do país, das reformas estruturais e da governabilidade. “Podemos fazer muito bem isso. Devemos estar alerta e mobilizados. Iremos definir uma agenda política, que precisa ser abraçada por todos nós para agirmos de maneira conjunta e organizada. Defender o Brasil não é uma tarefa a mais, mas é o dever do momento. Que a gente possa fortalecer nosso espírito neste momento. Não será por falta de luta nem de orientação política que não vamos à rua. O dever está posto: o Estado e a sociedade estão em disputa. Vamos avançar, com convicção política e botar o povo na rua”, conclama Nagyla.

Reforma política

Outro tema de grande importância que tem recebido o apoio dos comunistas é a mobilização em torno da Reforma Política democrática. O vice-presidente do PCdoB-CE, Benedito Bizerril, participou do encontro e atualizou os movimentos sociais sobre o tema.

Na última semana ele esteve em Brasília participando de uma agenda de atividades em busca de reforçar a campanha de coleta de assinaturas para o Projeto de Lei de iniciativa popular, proposto pela Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas, que abrange mais de cem entidades. “Precisamos compreender que o momento é de muita gravidade. A nossa principal luta é a defesa da democracia, contra o golpe e pelas reformas. A mobilização popular deve ser muito grande. Nossos exércitos têm que estar nesta luta decisiva, dentre eles o movimento em defesa da Reforma Política”, reforça.

O advogado alertou sobre a urgência em se coletar 1,5 milhões de assinaturas, já que a contrarreforma, proposta pelos partidos de direita, também está sendo encaminhada na Câmara Federal. “Temos que correr com a mobilização em defesa da reforma política democrática”, reforça.

Em reunião na capital federal, várias ações foram definidas para acontecer nos estados, dentre elas a Semana Nacional de Coleta de Assinaturas, a ser realizada de 22 a 29 de março, em todo o Brasil. “É importante que todas as entidades tomem a iniciativa de lançar o manifesto de apoio à reforma e conclamem as pessoas a assinarem o Projeto da reforma Política Democrática que deve ser entregue no início de abril numa grande manifestação em Brasília”.

Segundo Bizerril, em Fortaleza, o grupo da Coalizão se reúne semanalmente, na sede da OAB, às segundas-feiras, sempre às 15h, para avaliar a campanha e definir novas ações. “Mas ainda temos que avançar”, considera. Já estão previstas ações para o próximo dia 13, com coleta de assinaturas na Igreja de Fátima e em outras paróquias. “Também está sendo organizado um ato de coleta na Assembleia Legislativa, onde queremos debater a reforma política e reforçar a campanha de coleta de assinaturas”, informa. (Saiba mais AQUI)

Democratização da mídia

A democratização da mídia também foi discutida durante o Fórum Estadual dos Movimentos Sociais PCdoB/CE. Inácio Carvalho, secretário estadual de Comunicação do PCdoB-CE, apresentou questões relativas ao tema que foram discutidas neste final de semana pela Secretaria Nacional sobre Questão de Mídias do Partido, em São Paulo. “Trata-se de uma questão fundamental, pelos diversos motivos, dentre eles a ofensiva que tem sido conduzida pela mídia contra o governo. Precisamos enfrentar estes desafios com muita amplitude porque a democratização da mídia tem visões diversas, encontra resistência e sempre é apresentada como censura e controle da informação”.

Carvalho exemplifica a importância de regulamentar o setor usando a recente disputa presidencial. “Esta foi a campanha em que a mídia mais tomou partido nas eleições. Estudos apontam que, só a capa da revista Veja publicada na semana das eleições, tirou 3 milhões de votos de Dilma, que colocou sua normatização uma de suas bandeiras prioritárias. Das eleições pra cá, muita coisa mudou”, avalia.

Inácio Carvalho informou que a reunião da Secretaria Nacional sobre Questão de Mídias, que reuniu representantes de 14 estados, “aquém do que precisaria”, tratou de questões importantes, “dentre elas o Projeto de Lei de iniciativa popular que, assim como o da Reforma Política, também precisa ser reforçado”. “Esta não é uma bandeira que envolve categorias, nem é pauta que está no dia a dia do trabalhador, por isso a necessidade de termos iniciativas criativas para fortalecer a coleta de assinaturas e mobilizar a sociedade”, defende.

Ponto de vista da comunicação do PCdoB, Carvalho reforçou três pontos principais: o Encontro Nacional do Direito à Comunicação, que será realizado nos dias 10, 11 e 12 de abril em Belo Horizonte, que pretende reunir até mil pessoas; apostar nos encontros regionais de blogueiros que, no Ceará acontecerá nos dias 23 e 24 de maio com o objetivo de reforçar as mídias sociais; e dar organicidade ao Centro de Estudo da Mídia Alternativa Barão de Itararé nos Estados. “Atualmente contamos com apenas oito núcleos no Brasil (RS, PR, SP, RJ, MG, BSB, GO e PA), não sendo nenhum deles no Nordeste. Estamos desafiados a criar mais oito núcleos, dentre eles aqui no Ceará”, ratifica.

Após as apresentações temáticas, foi feita a abertura para a intervenção dos presentes, com informes e colocações sobre os assuntos debatidos, sempre reforçando a importância de focar nas atuações partidárias e na agenda de atividades já confirmadas: dia 6 de março, audiência pública na Assembleia Legislativa sobre Reforma Política; o ato político do dia 7 de março, no com concentração na Praça do BNB e caminhada até a Praça do Ferreira; a manifestação em defesa da Petrobras, na Praça Portugal, no dia 13 de março; e ainda a festa de 93 anos do PCdoB, que será comemorado no Passeio Público no dia 25 de março.

Do Portal Vermelho
De Fortaleza,
Carolina Campos