PCdoB teve participação decisiva na greve dos professores
O Paraná viveu nos primeiros meses do ano as maiores manifestações populares da sua história. Protestos em várias cidades do estado com a participação de inúmeros setores da sociedade foram as ruas para protestar contra o governo tucano que pretendia acabar com direitos do funcionalismo, apoderando-se dos recursos dos servidores como se fossem públicos.
Publicado 27/03/2015 18:16 | Editado 04/03/2020 16:54

A maior passeata ocorreu em Curitiba. Mais de 50 mil professores, funcionários de escolas, estudantes e profissionais liberais, tomaram conta das ruas da capital num grito só :”Fora Beto Richa. Para garantir a aprovação na marra, colocou a base governista num camburão. Não deu certo. A força das ruas foi maior e o governo teve que recuar e negociar com a APP Sindicato, que é a entidade que representa os professores da rede pública de ensino.
A sucursal paranaense do Portal Vermelho ouviu Odair Ropdrigues – APP Metropolitana Sul -, liderança destacada pelo partido junto ao movimento dos professores. Odair participou ativamente da construção do movimento grevista e da comissão que conduziu a greve.
Portal Vermelho – Como foi a participação do PCdoB na construção desta greve?
Odair Rodrigues – Nos últimos 6 anos tivemos um aumento da participação do PCdoB no movimento social, principalmente na área dos professores. O partido tem uma história de militância neste setor. A companheira Doris é um exemplo disso. A nova direção do PCdoB aprofundou isso. Deu mais atenção a área sindical com a orientação de base, via CTB. Foi estabelecida esta ligação orgânica, dialogando com todas as forças políticas.
Hoje estamos mais próximos de que setores?
Como eu disse, nós do PCdoB dialogamos com todos os setores, mas estamos mais próximos da APP Independente, Democrática e de Luta. Inclusive fizemos parte da chapa, entendendo que o que falta no Paraná é comunicação. Mas estamos avançando. O partido tem crescido muito nesta área e tem sido reconhecido a sua atuação. Temos participado das mobilizações e das regionais da APP.
Como nasceu esta greve, a maior da história do Paraná?
Nasceu depois do “pacote de maldades”, como assim foi chamado, do governador do PSDB, Beto Richa. Desde o começo do governo temos denunciado a diminuição de verbas, literalmente desmontando as escolas. Acabou com a eleição direta para diretores das escolas, uma conquista histórica. No final do ano passado, após vencer as eleições, o governador tucano aumentou brutalmente os impostos e tarifas para tentar cobrir os “buracos” que ele mesmo cavou. O Paraná está falido, é o que todos dizem. Ele não pagou os PSS – professores não concursados. Depois não pagou as férias de todos e em fevereiro mandou um pacote de medidas para a Assembléia Legislativa (AL), retirando direitos dos trabalhadores, como foi o caso da Previdência. Queria se apossar do dinheiro que os professores e funcionários pagaram e estão pagando para garantir suas aposentadorias.
Foi a gota d’agua?
Sim. Dia 10 de fevereiro o projeto foi para ser votado na Assembléia Legislativa em sistema de Comissão Geral, tentando evitar o debate. Ocupamos o plenário da AL para impedir que nossos direitos fossem retirados assim, sem qualquer discussão. Cabe ressaltar ai a participação da juventude do partido. A UJS, os secundaristas e os jovens de parte do movimento LGBT foram de muita importância. Foram linha de frente na ocupação e durante toda a greve. O PCdoB estava la também com a nossa juventude.
E o episódio do camburão?
Dia 12, quando os deputados da base governista entraram na Assembléia dentro de um camburão – risos , numa cena ridícula, a categoria como um todo teve espírito de unidade, de luta. Nosso partido teve grande participação neste momento. A passeata dos 50 mil tivemos uma participação na construção, na mobilização e no ato em si. Tanto é que vários companheiros entraram e estão entrando no partido em função da visibilidade da nossa ação.
Em sua opinião, em que momento o PCdoB foi mais importante?
Na garantia do diálogo com todos. O PCdoB não discrimina, inclui. Isso sem falar na construção de todo o movimento com a garantia da unidade na luta. Nós lutamos para que a APP tenha a representação das principais forças políticas que estão na base. É mais democrático e representa mais força na ação sindical. A nossa luta, dos professores, é uma forma também de enfrentarmos as forças conservadoras em nível nacional. O PSDB tem uma forma de governar anti-povo.
Você acredita que esta greve ajudou na compreensão poítica do que é um governo de direita?
Sim. Com certeza. A nossa categoria esta mais politizada. Neste sentido a presença do nosso deputado federal, Aliel Machado, foi fundamental. Ele ajudou muito no fortalecimento da nossa luta. Logo no início do mandato já disse a que veio. Foi o primeiro parlamentar federal a denunciar nacionalmente o que estava acontecendo no Paraná. Ele ficou la com a gente.
Quais são as nossas ações daqui pra frente?
Fizemos um debate com a direção do partido e já aprovamos o primeiro grande trabalho. Dia 1 de maio teremos nossa primeira reunião estadual com as lideranças que atuaram na frente do movimento. O objetivo é que estas lideranças atuem de maneira mais organizada, como forma de enfrentarmos os desafios da educação no estado e sua diversidade. O objetivo é tirar nossa linha de atuação, discutir a conjuntura nacional e estadual. Construir uma linha de atuação na APP.