Efervescência social marcou Conferência de Juventude do Recife

Novos arranjos de organização, pautas atuais e a mobilização nas redes e nas ruas, fazem com que a juventude recifense discuta, mais do que nunca, em uma cidade que seja do tamanho dos nossos sonhos. Não à toa colocamos como tema “A juventude Mudando o Recife”. 

Conferência de Juventude é marcada pela efervescência social - Divulgação

Zanzul Alexandre (*)

O processo de conferência foi bastante plural, a Comissão Organizadora passou pelas 6 regiões da cidade, debatendo com mais de 500 jovens, sobre os desafios e conquistas do Recife na área de juventude, além de contarmos com a inscrição via internet, proporcionando que mais de 70 jovens, que não puderam participar das etapas regionais, tivessem direito a voz e voto, na conferência municipal.

Na Conferência, tivemos a participação de jovens do Movimento Estudantil, de coletivos que pautam a questão racial, religiosa, territorial e urbana, ambientalista, cultural, comunitária, feminista, comunicação, saúde, esportista, além de jovens e adultos especialistas nas áreas do terceiro setor, estudantes dos cursos de assistência social e serviço social, além de 16 estudantes do curso de Direito da UniNassau, que atuaram como sistematizadores nos grupos de trabalho, mas que compareceram nos dois dias de Conferência.

Todo o processo foi marcado pelo diálogo e pelo respeito as diferenças, afinal, apesar de ser uma juventude de mesma faixa etária e morarmos na mesa cidade, o ponto de vista e a forma de organização eram completamente diferentes um do outro. Logo foi necessário o exercício da democracia, do ponderamento e do entendimento sobre o momento de cada organização juvenil e das pessoas que estavam ali para entender mais sobre esse processo.

Particularmente, foi (e está sendo) um aprendizado gigantesco, pois a minha militância foi pautada no movimento estudantil, onde todas as forças convivem no mesmo ambiente, logo o diálogo é mais direto e objetivo, pois todos falam “a mesma língua”.

A Conferência elaborou 110 propostas para ajudar a gestão pública a pensar as Políticas Públicas de Juventude e iniciamos a construção de subsídios para o 1ª Plano Municipal de Juventude da cidade, que tem a indicação de servir para os próximos 10 anos. As 110 propostas foram baseadas nos 11 direitos estabelecidos no Estatuto da Juventude, que apesar de aprovado pela presidenta Dilma, ainda não foi regulamentado.

Saímos da Conferência com 30 representantes para a etapa estadual, sendo 50% eleitos mulheres, para garantir a participação e protagonismo da mulher,todos eles foram eleitos democraticamente. Desses 30 representantes, o governo ficou com 4 representações, o Conselho de Juventude com 1 representação e a sociedade civil com 25 representações.

Os jovens afirmaram que são contra a redução da maioridade penal, protestamos contra a polícia que age de forma preconceituosa nas abordagens pela cidade, para todos é consenso, que a polícia aborda de forma diferente os jovens da periferia e os jovens de classe média. A luta pela garantia dos direitos da juventude é imensa, ainda mais quando contamos como um carrasco como presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que afirma veementemente que bandido bom, é bandido morto.

A 3ª Conferência de Juventude do Recife foi um momento de rico debate, cobrança e articulação entre as várias formas de organização da juventude, o Conselho de Juventude saiu fortalecido e respeitado do processo, entre todos que ali estavam e com certeza saímos com uma agenda positiva de ações para lutar ainda mais por uma cidade do tamanho de nossos sonhos.

(*) Zanzul Alexandre é coordenadora do Conselho Municipal de Políticas Públicas de Juventude.