Gilberto Costa Bastos: Nosso barro

Por *Gilberto Costa Bastos

Tenho feito reflexões profundas sobre o comportamento dos brasileiros. Verifico que não somente agora, mas nos remotos tempos que se perderam com o passar dos anos, os vícios e os desmandos continuam muito atuais.

A corrupção nas suas mais diversas apresentações nos surpreende sempre, pois notamos que ela está disseminada em todos os setores da nossa sociedade. Parece um vírus em constante duplicação. Constamos na maioria das vezes, que as pessoas se corrompem mais pela ganância de ter e não por suas reais necessidades de sobrevivência. Elas são detentoras de bons salários e nível social diferenciado, mas querem subestimar o próximo. Porque então isso acontece? Procurando então uma resposta, brota no meu imaginário, que o barro em que são formatadas essas criaturas não tem boa liga.

Tenho conversado com amigos advogados e colocado para eles, que o que me leva a fazer as coisas certas não é o medo das repressões, contidas e referenciadas com transparência no nosso Ordenamento Jurídico. Procuro ser correto nos meus atos e atitudes, colocando sempre no cotidiano os sábios ensinamentos que meus pais habilmente me deram na juventude. Também me espelho em exemplos de muitas pessoas que com maestria nos mostram diariamente e com coerência que existe um lado transparente para seguir. Não importa que sejamos pobres, ricos ou da classe média. Sempre encontramos no cerne da população, homens e mulheres de boa índole e bons costumes.

Acho então que existem pessoas que foram feitas com um barro de boa liga e mesmo com o passar dos anos não sofreram corrosão, permanecendo com todas as características inalteradas desde a sua criação. Mas infelizmente sou obrigado a aceitar, sem relutância, que esta matéria prima tão preciosa, esse barro recheado de valores éticos e morais em nosso pais está em extinção.

*Gilberto Costa Bastos é médico veterinário

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