Jaraguá do Sul realiza mais um ato contra a Cultura do Estupro
Onze dias após o primeiro ato, que teve como motivador o estupro coletivo da garota de 16 anos, no Rio de Janeiro, a União Brasileira de Mulheres – UBM Jaraguá do Sul realizou um segundo ato. Nesta quarta-feira, (15) a motivação foi um estupro de uma menina de 10 anos, desta vez na própria cidade.
Publicado 16/06/2016 12:21 | Editado 04/03/2020 17:13

Em Jaraguá do Sul até dia 31 de maio foram registrados 34 boletins de violência sexual, sendo 70% contra crianças e adolescentes. Estes dados são apenas da Delegacia de Policia de Proteção à Mulher, Criança, Adolescente e Idoso (Depecami) que não está aberta no período noturno, nem nos finais de semana.
A cultura do estupro traz a naturalização do ato na sociedade, as pessoas pensam que não acontece e quando acontecem a vítima acaba sendo a culpada. “O que fazia esta criança na rua?” “Onde está a mãe desta criança?”
Além da criminalização da vítima, quando a mesma é criança, em geral, as mães também são culpadas por não estarem “cuidando da criança”.
A estes questionamentos, respondemos de maneira muito simples: ela estava brincando; ela não tinha outro lugar para estar; esta criança não tem escola em tempo integral; esta criança está sendo negligenciada pelo Estado.
E a mãe? A mãe em geral está trabalhando para manter a casa ou no mínimo auxiliar no complemento da renda familiar.
E perguntamos de forma mais simples ainda. E este homem? Qual o direito dele de apropriar-se do corpo de outra pessoa? Esta deveria ser a pergunta que mobiliza a reação da sociedade.
Crianças, mulheres, população negra e LGBT são violentados das diversas formas diuturnamente pois são desconsiderados como sujeitos, como pessoas. Precisamos mostrar nossa quem somos e que somos muitas, precisamos mostra que a violência existe em nossa cidade.
“Estaremos aqui enquanto houver violência contra a mulher, a crianças e população LGBT em nossa cidade” Disse Mariana Pires Coordenadora da UBM Jaraguá do Sul.
Participaram do ato aproximadamente 45 pessoas, várias delas fizeram uso da palavra: “ Violência contra a criança não é brincadeira”, “Basta de Violência contra a Mulher”. Disseram.
Durante o Ato, João Pedro de Lis, integrante da UNA LGBT leu uma carta sobre a violência ocorrida em Orlando contra o público de uma boate LGBT onde tiveram 50 mortos. Esta violência não ocorre somente lá, o “Brasil é o país que mais mata pessoas trans”.
Em sinal vigília foram acesas várias velas para demostrar que as pessaos estão atentas e monitorando os números de casos de violência contra as minorias na cidade. Os manifestantes cobraram do poder público ações que possam minimizar a violência contra a mulher até que seja possível andar livremente em nossa cidade.
A Carta Aberta a População Jaraguaense em defesa da Vida das Mulheres será entregue a todas as autoridades da cidade até a sexta-feira (17). Nesta carta a UBM propõe ações a serem executadas pelo poder público como um debate sobre gênero nas escolas e uma Política Municipal para Mulheres.
Joice Pacheco- UBM- Jaraguá do Sul