Com feridas internas ainda abertas, PSDB mira 2010
As discussões e os movimentos políticos visando às eleições presidenciais já estão em pleno vapor, e o principal fator que […]
Publicado 17/04/2009 18:35
As discussões e os movimentos políticos visando às eleições presidenciais já estão em pleno vapor, e o principal fator que agita o cenário é a ausência da principal liderança nacional diretamente na disputa, o presidente Lula.
Sem Lula e com a crise econômica internacional, que tem impacto negativo no desempenho da economia brasileira – refletindo na avaliação que a população faz do governo – os movimentos realizados pelo PSDB tentam aplacar a disputa interna, costurar os rasgos e construir uma chapa forte para disputar a sucessão de Lula. Um dos principais articuladores dessa tentativa de apaziguamento interno é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Mesmo assim, os capítulos do embate público entre os pré-candidatos do PSDB à presidência – o governador paulista José Serra e o governador mineiro Aécio Neves – não chegaram ao fim. Serra quer postergar a prévia partidária para a escolha do candidato para 2010 e, com isso, espera ganhar tempo para costurar internamente sua candidatura e inviabilizar a de Aécio Neves. Este, ao contrário, quer as prévias ainda em 2009: no caso de uma derrota interna, ele poderia decidir dentro do prazo se ingressaria em outro partido para concorrer à presidência.
Em São Paulo, Serra vai criando um ambiente para consolidar sua candidatura. Selou acordo com o ex-governador Geraldo Alckmin – um de seus opositores – e o colocou em seu governo no início de 2009. Recentemente, trouxe um peso-pesado para reforçar sua gestão e dar visibilidade nacional ao seu governo, o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza, que assumiu a Secretaria de Educação Paulista na última segunda-feira, com ruidosa oposição da União Nacional dos Estudantes. As primeiras declarações de Paulo Renato mostraram que ele servirá como artilheiro de Serra na disputa com o governo Lula.
O governador paulista abriu os cofres de olho na disputa eleitoral. As verbas revistas para publicidade por José Serra cresceram 43,6% com relação a 2008. Em editorial desta quinta-feira, o jornal amigo do PSDB – Folha de S.Paulo – não pôde esconder que a dose é cavalar. “O potencial eleitor de José Serra no pleito do ano que vem será exposto, portanto, a doses maciças daquilo que eufemisticamente se denomina a “prestação de contas” dos atos do governo paulista”, avalia o jornal.
Em Minas, Aécio Neves também aumentou consideravelmente os gastos com publicidade. O acréscimo foi de 35,6% com relação ao ano passado. O governador mineiro tem se reunido com lideranças políticas de dentro e de fora do PSDB para angariar apoios à sua candidatura. Um dos palanques montados por Aécio Neves para mostrar sua força serão as comemorações de 21 de abril.
Enquanto isso, Fernando Henrique Cardoso trabalha pela construção de uma chapa puro sangue do PSDB com uma dobradinha nos moldes da política do café com leite. O presidente do partido, Sérgio Guerra, duvida desta saída. Ele declarou em entrevista concedida a uma rádio pernambucana que uma chapa Serra-Aécio seria “complicada e difícil de acontecer”. Unir os dois maiores colégios eleitorais do país seria o sonho de qualquer tucano para disputar com força 2010, mas os fatos vão mostrando que Guerra está com a razão, e que as feridas no partido ainda estão abertas.