Os Liberais

Conheci muitos liberais, e diferente dos atuais fundamentalistas do mercado, eram liberais clássicos, na melhor definição keynesiana de Luís Gonzaga Belluzzo. Democratas, tolerantes para com as posições ideológicas distintas, muitos romperam com o arbítri

Não se trata de ficção. São fatos reais que eu e muitos outros vivenciamos, presenciamos. Resolvi, neste artigo, não citar nomes para não cometer injustiças.



Mas confesso que aprendi muito na atividade contra o autoritarismo, principalmente na observação sobre a condição humana, onde em épocas difíceis surgiram gestos de solidariedade imprescindíveis, em muitas ocasiões, de adversários políticos ou ideológicos.



Outras vezes, ela apareceu em momento dramático, de pessoas afastadas de qualquer noção militante. Foram aliados importantes, na marca do risco iminente, expondo a sua própria segurança, pelo perfil da dignidade, da formação pessoal.  



Tenho a impressão que um regime, não em seu caráter, mas doutrinariamente fascista no Brasil, naufragaria pela simples ausência de uma grande massa social de aderentes que professasse ardentemente o credo da intolerância contra a liberdade de expressão, inimiga das artes, da poesia, das minorias, ou das maiorias, da pluralidade política.



Evidente que não me refiro aos oportunistas de ocasião. São amorais natos, desprovidos de qualquer convicção ideológica, sem posição política, portanto sem alma, no sentido profano. Para eles o que importa é estar por cima, em qualquer regime.



Ceio que a explicação para a ausência do chauvinismo belicista, imperialista, dogmático, de raça pura, no país, reside na formação cultural do brasileiro, absolutamente inadequada pelos seus traços expansivos, sociabilidade, ou o que é fundamental, um povo essencialmente mestiço.



Por isso, as ditaduras implantadas em nosso país sempre se autodenominaram como democracias absolutas, totais. Excluo, igualmente, os sádicos torturadores, com os seus perversos instintos nos porões do arbítrio.



Houve, sim, a existência mínima de fascistas, nazistas etc. Na recôndita intimidade, ansiavam pela volta da suástica ou equivalente, por um reich qualquer, olhos rútilos, sonhavam com Hitler e Mussolini, um novo führer.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor