Todo apoio a Edvaldo Magalhães
Conheci o camarada Edvaldo Magalhães em importantes batalhas do Acre e do Brasil. Vivíamos a luta por melhores salários e para pagamento em dias do funcionalismo público no estado, cujos recursos eram permanentemente usurpados pelos governadores para apli
Publicado 25/01/2008 11:12
Posteriormente, ao conquistarmos as vitórias da Frente Popular como aliança política para gerir os rumos do Estado do Acre, o camarada assumiu papel destacado na luta contra a impunidade. Poucos tiveram a coragem de se expor diante de um braço armado e institucionalizado como o esquadrão da morte no Acre que ameaçava até o Tribunal de Justiça e a imprensa acreana. Sofremos como militantes as tensões, as ameaças e inseguranças de vida, as incertezas diárias da vitória nesta luta. Mas, vencemos.
No mesmo período outra frente de luta foi aberta. O Acre sangrou perdendo recursos públicos, em governos anteriores, na monta capaz de falir o Banco Estadual – Banacre. Também na luta contra a impunidade e improbidade administrativa o camarada atuou no comando, constituindo um processo parlamentar e identificando responsáveis.
Tantas outras lutas de magnitude igual poderiam ainda se descritas num momento como este para reavivar a história de luta desse militante que tornou-se um dos mais destacados dirigentes políticos do Acre, comandando a mudança de idéias na política e na gestão dos recursos, dando-lhes o caráter coletivo e destinando-os à sociedade.
Sua escola sempre foi o PCdoB. E por ser comunista aprendeu desde cedo a estar junto com os trabalhadores. Visitar comunidades rurais, subir barrancos dos rios para conversar e conhecer a realidade daqueles moradores, mergulhar nos igarapés e na cultura indígena, navegar por semanas em embarcações nos rios Tarauacá (do município de Tarauacá ao Jordão), nos rios Moa e Juruá (Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e demais municípios do vale do Juruá/Acre), são atividades permanentes na trajetória do camarada e que poucos têm a coragem e a ousadia de fazer. Por que é necessário abdicar do conforto do lar para ir se ater aos mosquitos da mata, a comer apenas pirão de farinha com pouco peixe ou pequena porção de carne de caça, na casa dos seringueiros e ribeirinhos, tomar a caiçuma com os índios.
Por ser comunista atrai o ódio da velha elite que não consegue dirigir o olhar para a vida dos pobres, não consegue admitir que um político e um partido de tamanha importância dedique seu tempo à pior conseqüência da acumulação de riqueza que são os pobres da nossa cidade. E procuram, de toda a sorte, atingir o ideal socialista atacando os militantes mais destacados. Nesta ânsia, foram açodados e atingiram também a imagem da Assembléia Legislativa do Acre, Instituição que há tempos também fez a escolha do caminho pela ética e pela moralidade e ainda atingiram a imagem de outros quatro parlamentares: Juarez leitão, Luiz Calixto, Naluh Goveia e Perpétua de Sá.
Esquecem eles que a prática de vida de um homem é o seu tesouro. Edvaldo possui um bom tesouro, por isso recebeu diversas manifestações de apóio, das mais variadas regiões do país e o apóio incondicional do Comitê Estadual do PCdoB, que transcrevo abaixo para conhecimento. “(…) O mar da História é agitado. As ameaças e as guerras havemos de atravessá-las, rompê-las ao meio, cortando-as como uma quilha corta as ondas”. (Maiakovski)
Um testemunho de respeito
Senador Tião Viana
Conheço Edvaldo Magalhães de muitos anos e posso afirmar que ele é um acreano cuja história de vida recomenda respeito à sua dignidade pessoal e reconhecimento à sua postura ética na política. Também tenho certeza que este é o sentimento de todos os acreanos que o conhecem, desde seus conterrâneos de Cruzeiro do Sul e do Juruá até os muitos amigos, admiradores e eleitores que conquistou nos vales do Purus e do Acre.
O julgamento precipitado de notícias sobre a “Expedição Juruá Sempre” pode estar comprometendo a boa-fé e a boa intenção que foram os motivadores desta iniciativa pela integração regional. Pode também atingir a honra de pessoas decentes. Isso lembra o caso do ex-deputado federal Ibsen Pinheiro. Execrado pelo noticiário, ele foi cassado em 1990. Dez anos depois o próprio jornalista que iniciou as acusações revelou que tudo não passou de um engano. Ibsen era inocente, mas nada podia reparar a dor da sua família nem devolver os anos tomados da sua vida pública.
O deputado Edvaldo Magalhães está a mais de treze anos na Assembléia Legislativa, sempre com atuação eficiente e exemplar. Por oito anos foi líder do governador Jorge Viana e sua gestão na presidência da Casa valoriza a interlocução do Legislativo com a sociedade.
É positivo que instituições ou pessoas busquem esclarecimentos sobre qualquer atividade de um poder público. No caso da Assembléia, tenho certeza que o seu presidente é quem mais deseja esclarecer qualquer dúvida sobre qualquer assunto de interesse público.
O processo de fortalecimento da sociedade e das instituições que acontece no nosso Acre tem a efetiva contribuição do deputado Edvaldo Magalhães, que é digno e merece a nossa irrestrita solidariedade.
NOTA DE SOLIDARIEDADE
A Direção Estadual do PC do B vem a público se solidarizar com a Assembléia Legislativa, e em particular com os deputados Edvaldo Magalhães, Juarez Leitão, Luiz Calixto e as deputadas Naluh Golveia e Perpétua de Sá, membros que compunham a importante “Expedição Juruá Sempre”, no percurso dos Rios Juruá e Solimões, rota hidroviária entre a cidade de Cruzeiro do Sul-Acre e Manaus-Amazonas ante as notícias que foram veiculadas sobre a Expedição, destacando:
1-Conhecer a realidade das comunidades do Acre sempre foi atitude dos comunistas, bem como, das pessoas preocupadas com o desenvolvimento sustentável do Estado. É caminhando nos varadouros, navegando nos rios e igarapés, participando nas organizações de trabalhadores rurais e seringueiros, nos sindicatos urbanos, que conhecemos as dificuldades e alegrias do nosso povo.
2-A ALEAC tem buscado esse caminho. A “Expedição Juruá Sempre” cumpre mais uma etapa da aproximação do parlamento com a população acreana, trazendo para o domínio da nossa sociedade elementos da rota responsável pela construção e sobrevivência das cidades e comunidades ribeirinhas do vale do Juruá. Essa mudança de paradigmas começou com a iniciativa da Assembléia Aberta, que ouviu e acolheu as reivindicações das lideranças e representantes populares dos 22 municípios e as levou como subsídio para o Plano do Governo Estadual.
3- Por isso, nos é estranha a veiculação da informação com objetivo claro de atingir a imagem de uma instituição como a Assembléia Legislativa e os seus membros, considerando que a atividade foi anunciada com antecedência, a imprensa e a sociedade informadas pela internet. Deixamos claro que é direito da sociedade buscar informações sobre qualquer ação das instituições públicas e o Deputado Edvaldo Magalhães é um grande defensor desse direito e da transparência administrativa.
4- Nós comunistas, apoiamos nossa convicção nas raízes da história. A trajetória de luta e dedicação do nosso presidente à causa do Acre e sua luta contra a impunidade se somam às mudanças implementadas na ALEAC rumo ao debate ético e zelo com a coisa pública. O tempo trará todas as informações que justificarão e farão compreender o alcance e a importância da iniciativa da Assembléia Legislativa e do seu Presidente.
À Assembléia Legislativa do Acre, aos Deputados e Deputadas da Expedição e ao combativo camarada Edvaldo Magalhães, nossa irrestrita e incondicional solidariedade.
O COMITÊ ESTADUAL DO PCdoB
Os textos a seguir foram copiados do Blog de Altino Machado
METENDO A COLHER DE PAU NO MUNGUNZÁ
Simão Pessoa
Eu devo ter sido um dos poucos cabocos da região a não ter assistido a “matéria” veiculada no jornal Nacional, da Rede Globo, sobre a “Expedição Juruá Sempre”, feita por parlamentares acreanos no início do mês. Mas como sei que tipo de jornalismo canalha a “Vênus platinada” pratica diariamente, faço uma idéia de como a “matéria” foi produzida e exibida.
Pra ser sincero, desde a edição vergonhosa que fizeram daquele debate Lula-Collor (alguém ainda lembra?) há quase 20 anos, as notícias veiculadas pela rede Globo entraram no meu index de coisas proibidas até o final dos tempos. Ainda prezo pela minha sanidade mental – e seria de bom alvitre que mais gente fizesse o mesmo.
Às vezes, entre um cigarro e outro, fico matutando sobre que tipo de pessoa assiste (ou, muito pior, costuma levar a sério) as baboseiras apresentadas por Cid Morengueira e Sergio Chapolin (ainda são os âncoras-palhaços do noticioso ou já foram pro formol?) durante o horário nobre. Saber que o JN ainda é o principal informativo do país para a maioria dos brasileiros costuma me deixar macambúzio e levemente deprê. Tenho muita pena de quem assiste aquela josta.
Aliás, se grande parte da população brasileira, incluindo a cabocada de nossa região, já tivesse assistido ao documentário “Muito além do Cidadão Kane”, de Simon Hartog, produzido em 1993 pelo canal 4 da BBC, eu nem precisaria fazer esse prolegômeno. Sim, o documentário discute o poder e a filhadaputice da rede Globo e teve sua exibição proibida no Brasil. Mas dá pra ser “baixado” na web. Cacem.
De qualquer forma, resolvi meter minha colher de pau no panelão de mungunzá dessa discussão bizantina e – por que não? – meio provinciana. A “Expedição Juruá” deveria servir de exemplo para os parlamentares amazônicos, que só costumam ver as comunidades ribeirinhas olhando de cima, a bordo de aeronaves (em época de eleição, evidentemente, a história é outra).
O relato comovente do jornalista Leonildo Rosas, por exemplo, deveria ser matéria obrigatória nas escolas públicas, nas discussões das academias, nas mesas de botecos, nos sindicatos e associações de moradores, além de ser replicado ad nauseaum em todos os blogs que estão discutindo seriamente a problemática amazônica.
Entre outros méritos, o relato/reportagem de Leonildo faz um contraponto perfeito à distorção midiática vinda do sul-maravilha, eivada de preconceitos contra os nativos. Sem dourar a pílula, o repórter mostra que o rei está nu, que as políticas públicas não chegam (e não vão chegar se não houver luta e gritaria) aos mais desassistidos, que ainda há muito pra ser feito para proteger a floresta e que o caboco amazônico é, acima de tudo, um “brabo”. Quem nem siri na lata. Sobrevive de teimoso.
Causa perplexidade perceber que no lugar de estarem discutindo seriamente o que fazer para incluir essas populações marginalizadas no desenvolvimento socioeconômico da região, alguns formadores de opinião acreanos estejam mais preocupados com picuinhas, como saber que tipo de bebida foi servida a bordo da embarcação e quem pagou pelo bolo de aniversário de um deputado. Isso não passa de cabotinismo estéril, hipocrisia travestida de “boas intenções”, vôos acrobáticos em uma piscina vazia.
O deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), a quem não conheço pessoalmente, está de parabéns. Em pleno recesso parlamentar, ele reunir meia dúzia de parlamentares, colocar a tropa em um barco e enfrentar mais de 4 mil quilômetros de “estrada aquática”, convenhamos, é uma verdadeira façanha. Quantos políticos podem dizer que conhecem a Amazônia sem terem feito uma viagem assim?
Os bem intencionados (sim, o inferno está cheio deles) podem argumentar que “um médico não precisa pegar malária para conhecer os sintomas de doença” para justificar o fato de “que ninguém precisa fazer uma viagem dessas para descobrir o que todo mundo já sabe”. Claro, isso é argumentação meia-boca de iracundos (estão no quinto círculo do inferno de Dante). O fato é que a presença física de parlamentares nessas comunidades perdidas não só lhes aumenta a auto-estima como reacende a esperança de que dias melhores virão.
Plagiando Milton Nascimento, na canção “Nos bailes da vida”, “todo parlamentar tem de ir aonde o povo está”. E foi isso que os deputados acreanos fizeram. Criticá-los, quem há de? Eles fizeram o certo, estão combatendo o “bom combate”. Se o resultado prático da expedição ainda vai demorar a sair (políticas públicas não são construídas da noite pro dia), são outros quinhentos. O mais importante é que o deputado comunista colocou a pedra pra rolar. Não é pouca porcaria.
Simão Pessoa é jornalista e escritor amazonense, editor da revista Amazonia Viva. Clique aqui e leia o blog dele sobre arte e cultura.
MÍDIA NACIONAL COMEU MOSCA
Chico Bruno
Acompanhei a partida, nos primeiros dias de janeiro, e toda a viagem da “Expedição Juruá Sempre”, uma iniciativa da Assembléia Legislativa do Acre, nos blogs do jornalista Altino Machado e do presidente da Assembléia, deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), autor da idéia.
Não conheço nenhum dos participantes, mas conheço o percurso que fizeram. Fí-lo nos anos 70 pautado pelos Diários Associados.
A pauta tinha por objetivo mostrar como sobreviviam os ribeirinhos e a importância da navegação pelos rios Solimões e Juruá, pois era por obra e graça dela, que as comunidades ribeirinhas eram abastecidas. Naqueles tempos a viagem durava quase um mês entre Manaus e Cruzeiro do Sul.
Ao tomar conhecimento da expedição, entendi que o objetivo era mostrar aos acreanos e brasileiros a importância da navegação fluvial na Amazônia.
O Juruá é um rio sinuoso, com curvas e mais curvas que exigem muita perícia do timoneiro das embarcações que por ali circulam.
Uma pena que a iniciativa do deputado Edvaldo Magalhães tenha ganhado visibilidade não pelos seus objetivos, mas por uma reles disputa política.
A expedição foi transparente, foi reportada, dentro das possibilidades, em muitos sites e blogs do Acre e da Amazônia.
Portanto era do conhecimento de jornalistas dos grandes centros, que costumam diariamente navegar por sites e blogs de todo país a cata de notícias locais.
Infelizmente, a mídia nacional se fixou em uma querela acreana entre um site e o presidente da Assembléia, que por essa razão, classificou a expedição como uma viagem de lazer patrocinada com recursos públicos.
Ao invés de aproveitar o que a expedição revelou de positivo, como o transporte de material escolar para o ano letivo de 2008 pelo Juruá e Solimões, a mídia apostou na informação distorcida de um site e acabou comendo mosca.
Ao se tornar notícia nacional por um viés torto, a “Expedição Juruá Sempre” mostrou que às vezes existem interesses escusos em algumas informações divulgadas pela imprensa.
A mídia nacional comeu mosca pela falta de cuidado em checar a informação contida no site acreano.
Aliás, desde que fecharam suas sucursais, acabaram com os correspondentes fixos nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste e passaram a adotar o telefone como instrumento de trabalho, os grandes jornais têm vez por outra cometido graves injustiças.
O que intriga é o mico pago pela Rede Globo, que tem uma afiliada no Acre e deveria ter mais cuidado com a notícia veiculada.
A iniciativa de percorrer os 4.375 quilômetros entre Cruzeiro do Sul, no Acre, e Manaus foi relevante. Deveria ser obrigação para qualquer autoridade que queira falar da realidade amazônica.
Sinto apenas, que o presidente da Assembléia Legislativa do Acre, deputado Edvaldo Magalhães, tenha perdido a oportunidade de convidar o ministro Roberto Mangabeira Unger para participar da expedição. Quem sabe assim ele falaria da Amazônia com conhecimento de causa.
A FOZ DO JURUÁ NO JORNAL NACIONAL
Edvaldo Magalhães
A confusão provocada pelas notícias imprecisas sobre a “Expedição Juruá Sempre” me faz refletir sobre como o Brasil desconhece o Brasil. A Amazônia, nem se fala.
Quando um dos mais prestigiados telejornais do país mostrou imagens de parlamentares acreanos mergulhando no rio, pensei como os brasileiros poderiam entender tudo diferente se o apresentador informasse que ali o Juruá deságua no Solimões, formando o caminho de águas que permitiu nosso povo ocupar a região mais oeste e, até hoje, mais isolada do país.
A abordagem que o Jornal Nacional foi levado a dar sobre a “Expedição Juruá Sempre”, acabou fazendo o que pode haver de mais lamentável no jornalismo: desinformar.
Um olhar sobre a realidade da Amazônia já espanta qualquer dúvida sobre os propósitos da expedição que varou noites navegando de Cruzeiro do Sul a Manaus em um barco que precisou até da ajuda de um “empurrador” (barco-motor que empurra outro com problema). Viajar pelos rios da Amazônia não é fácil. Por aqui não se passeia, ainda se desbrava.
Desde o início da navegação entre Manaus e Cruzeiro do Sul, há mais de cem anos, esta é a primeira iniciativa institucional que se lança no Juruá e no Solimões para avivar o debate de políticas públicas para essa hidrovia, principal responsável pela construção e sobrevivência das cidades e comunidades ribeirinhas no grande vale do Juruá.
A expedição teve propósito claro: buscar conhecimento prático, observar condições ambientais e levantar informações para defesa da revitalização e do fortalecimento deste eixo hidroviário como instrumento imprescindível para o desenvolvimento sustentável da região.
Não fomos ao Juruá em busca de uma nova espécie animal ou vegetal ainda não identificada pela ciência. Fomos aprender com a realidade dura dos que precisam percorrer os caminhos das águas para abastecer as nossas comunidades, para deslocar-se em busca de um socorro. Matando carapanãs, espantando piuns e mucuins.
Chamar atenção para os potenciais mal explorados e não explorados dos nossos rios, enquanto ainda há tempo de salvá-los, é causa justa. Esse foi o propósito da “Expedição Juruá Sempre” e continuará sendo motivação da Assembléia Legislativa do Acre.
Não se pode e nem se deve querer falar das coisas só por ouvir dizer. Fomos ver de perto para contar de certo. A expedição foi transparente. Anunciada antes, divulgada durante e depois. Todos puderam acompanhar via web. A distorção feita pode ser coisa comum da política.
Como agentes públicos, estamos permanentemente expostos e submetidos aos mais diversos questionamentos. Isso é bom. Faz parte da democracia que estamos construindo. Nosso dever é responder a todos. Com transparência e tranqüilidade.
Passado a fase do não propósito, trataremos do conteúdo correto.
A vida vai provar que cuidar dos rios e investir numa política hidrográfica fará bem ao Acre e aos que aqui moram. Mesmo os que estão esquecendo que somos filhos dos igarapés, netos dos rios e descendentes das chuvas.
MALDADE
Aníbal Diniz
Preferi não me manifestar antes para aguardar a repercussão da notícia no final de semana, mas quero externar aqui e agora minha mais irrestrita solidariedade ao amigo leal e companheiro de tantas batalhas, o camarada Edvaldo Magalhães, sem dúvida uma das lideranças mais importantes do PCdoB e da Frente Popular do Acre, que, por toda contribuição que tem dado para a melhoria da política e da sociedade em geral, não merecia o tratamento desrespeitoso que lhe deram no Jornal Nacional da última sexta-feira, com base em imagens de um simples momento de descontratação de um grupo que passou dez dias juntos no interior de uma embarcação.
Edvaldo convidou-me para fazer parte da expedição de Cruzeiro do Sul a Manaus através dos rios Juruá e Solimões. Confesso que fiquei com peso de consciência por não ter podido acompanhá-lo, devido às tarefas pendentes que tive que executar nos primeiros dias de 2008.
Não tenho a menor dúvida quanto a importância desta expedição, fazendo o ziguezagueado percurso de 4.300 quilômetros que tornam Manaus, capital do Amazonas, mais presente na vida das pessoas em Cruzeiro do Sul do que propriamente a nossa capital, Rio Branco.
Mesmo com o asfaltamento da BR-364, que, se Deus quiser, será concluído até 2010, Cruzeiro do Sul continuará dependente do transporte hidroviário pelos rios Juruá e Solimões, e nada mais legítimo que o presidente da Assembléia Legislativa do Estado, que é filho de Cruzeiro do Sul, promover uma expedição para ver de perto e colher informações sobre o longo percurso que produtos como o gás, o combustível, materiais de construção, gêneros alimentícios e tudo quanto se possa imaginar fazem para chegarem a preços tão altos ao Vale do Juruá.
E o interessante é que isso acontece há mais de cem anos, com inúmeros relatos, mas pouco sabemos a respeito.
Por isso, gostaria muito de ter participado desta expedição para colher pessoalmente minhas impressões. Ouvir pessoas, ver a realidade, tentar entender melhor a lógica mágica dos rios amazônicos por onde as cidades se formam e a vida acontece.
Infelizmente, a sociedade da informação na qual vivemos é apressada demais para dedicar tempo ao entendimento dessas coisas. E o mais lamentável ainda é saber que um colega da imprensa consegue trocar toda importância que a expedição representa pela possibilidade de ridicularizar um momento de descontração que o grupo decide viver no encontro das águas dos rios Juruá e Solimões, exatamente no sétimo dia de descida.
Se eu estivesse à bordo, não sei se teria tido coragem de pular no Solimões. Mas, se o fizesse, certamente não seria de paletó e gravata e nem de camisa de punho, como acertadamente refletiu o deputado Luiz Calixto. E também não me privaria de cantar parabéns para quem fizesse aniversário no percurso.
Ao companheiro Edvaldo, o meu abraço amigo e minha sincera intenção de estar com ele em outras expedições. Quem sabe não aproveitamos os dias de carnaval para uma nova edição daquele passeio à Serra do Moa que fizemos juntos em 2002!
No mais, o meu desejo para que continue firme, de cabeça erguida, que a experiência acumulada em tantas batalhas vencidas e a fé e os ensinamentos que ele cultiva desde os tempos de seminário lhe darão o suporte necessário para superar mais este momento desconfortável que alguém, por pura maldade, lhe causou.