Luta eleitoral distorcida

Tem um anúncio do TSE que fala na modernização técnica das eleições no Brasil, sugerindo que o eleitor é senhor de si mesmo, não deve vender o voto e usar da sua capacidade de julgamento no instante exato em que digita os números do vereador e do prefeito

Agora, olhando o que acontece pelo Brasil afora, principalmente nas capitais, ficamos com a impressão de que o juízo de valor do eleitor vem sendo perturbado pela briga jurídica, que ocupa nocivamente o lugar do debate de idéias. Difícil é achar onde candidaturas não estejam sendo postas sob dúvida jurídica, ou onde acusações de ilegalidade não pontifiquem no noticiário.


 


 


Sem entrar aqui no mérito dos contenciosos jurídicos – em que é preciso separar o joio do trigo e distinguir o que realmente tem procedência do que não passa de jogada para confundir momentaneamente o eleitorado – sobressai-se a percepção de isso é péssimo para o processo democrático.


 


 


A rigor os munícipes deveriam ser instados a escolher esta ou aquela candidatura pelo que representam quanto aos compromissos sociais e pelo que defendem como proposta de governo. Seria saudável, poria em questão correntes de pensamento, ajudaria a elevar a consciência política da população.


 


 


O jogo jurídico é para poucos, afeitos a manobras e artifícios às vezes sofisticados. A nós outros dedicados ao combate político e aos milhões de brasileiros aptos a votarem dia 5, fica difícil entender muitas vezes o mérito e também o rito processual.


 


 


Pior é a exploração do contencioso de modo oblíquo, se quisermos usar um termo educado; tendencioso e de má fé, se quisermos ser claros. Caso do candidato João da Costa (PT e mais quinze partidos), no Recife. O juiz eleitoral proferiu questionável sentença de impugnação da candidatura, todos sabem que a questão ainda vai ao pleno do Tribunal Regional Eleitoral (podendo seguir a instâncias superiores, se necessário), mas assim mesmo oponentes e parte da mídia insistem em denominá-lo de candidato impugnado (sic). Explícita tentativa de confundir os eleitores e de reverter de tendências que lhes são desaforáveis às vésperas do pleito.


 


 


Parece que nesse caso, a julgar pelas pesquisas que vêm sendo divulgadas, a manobra não evitará o desenlace da peleja já no primeiro turno. Em favor de João da Costa.

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