A conjuntura energética e a tarifa ao consumidor
Não faz sentido bradar com a possibilidade de colapso do sistema energético, como faz com freqüência parte da mídia sempre disposta a proclamar o caos. Essa variável decisiva do incremento das atividades produtivas continua sob controle.
Publicado 11/12/2008 19:30
Isto posto, vale prestar atenção ao levantamento feito pelo Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ), segundo o qual vai sobrar energia na área industrial no atual cenário de restrições ao crescimento em face de crise financeira global.
É o que vem ocorrendo com as indústrias que produzem bens intermediários, como alumínio, zinco e níquel, chamados produtos eletro-intensivos, destinados à exportação.
Assim, verifica-se uma queda no preço dos contratos de compra de energia no mercado livre, que passou, em uma semana, de R$ 200,00 o megawatt/hora (MW/h) para R$ 130,00 o MW/h, em função da retração da demanda.
Tudo bem. Menos encargo para os segmentos da economia que prosseguem investindo. Mas, na outra ponta, também se constata que o preço da energia não cai para os consumidores individuais. Ao contrário, a tendência da tarifa é subir, sob o impacto de dois componentes.
Um componente é a energia proveniente da usina de Itaipu, que é comprada em dólar. O valor da moeda norte-americana tem aumentado quase que diariamente, apesar do BC intervir incontinenti no sentido de conter esse aumento. Daí o consumidor ser constrangido a pagar mais reais pela mesma quantidade de energia elétrica utilizada.
O outro é que uma parcela da planilha tarifária das empresas distribuidoras é indexada ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que naturalmente incorpora a valorização do dólar.
O estudo acima mencionado aponta, entretanto, uma alternativa para reduzir tarifas ao consumidor individual. Seria a utilização das usinas termelétricas movidas a óleo e a gás. Uma possibilidade que carece de considerações técnicas e econômicas diversas.
Mas antes de tudo é preciso uma decisão de governo nesse sentido, coerente com o conjunto das medidas anti-crise que vêm sendo adotadas. Tanto quanto se procura desonerar a produção, fomentar o crédito e o consumo, necessário se faz reduzir o custo da sobrevivência do cidadão comum e de sua família – e a chamada conta da luz pesa no orçamento doméstico.