A sala de aula pintada de operário

“Que [a universidade] se pinte de negro, que se pinte de mulato. Não só entre os alunos, mas também entre os professores. Que se pinte de operários e de camponeses, que se pinte de povo, porque a universidade não é patrimônio de ninguém, ela pertence ao povo”. Ernesto Che Guevara.

Na sua obra clássica, O Capital, Karl Marx sublinhou o destacado papel da capacitação técnica dos trabalhadores para o desenvolvimento das forças produtivas. As massas trabalhadoras são a força produtiva imprescindível da sociedade humana em todas as etapas do seu desenvolvimento e são as forças produtivas o elemento mais dinâmico e revolucionário da produção.

O Brasil tenta dar um passo adiante, um salto civilizacional, que muito contribuirá para impulsionar as forças progressistas, atuando em um cenário mais avançado e necessário no desenvolvimento econômico da sociedade. Essa transposição de patamar, necessita urgentemente de qualificação básica de milhões de trabalhadores.

O proletariado é a classe trabalhadora que está vinculada à forma mais adiantada da economia: a grande produção. E essa grande produção, alavancada por um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento, passa pelo esforço do governo federal em “qualificar os nossos jovens e nossos trabalhadores em todo o País e aumentar a competitividade das nossas empresas, o que ajuda a melhorar os salários dos trabalhadores e a fazer a renda das famílias crescer ainda mais", como bem afirmou recentemente a Presidente Dilma Roussef, ao fazer um balanço do primeiro ano de existência do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

Já no seu primeiro ano, 720 mil alunos se matricularam no Pronatec em um dos diversos cursos oferecidos. O Programa “é parte de uma estratégia de desenvolvimento, em escala nacional, que busca integrar a qualificação profissional de trabalhadores com a elevação da sua escolaridade, constituindo-se em um instrumento de fomento ao desenvolvimento profissional, de inclusão e de promoção do exercício da cidadania”.

A Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica já colhe os resultados de assistir, em mais de suas 350 unidades espalhadas pelo país, uma efervescente incorporação em suas dependências de alunos que, no passado, foram historicamente alijados do processo de formação e capacitação técnica integrada e continuada. O servente de pedreiro está tendo a chance de entrar em sala de aula, mesmo sendo analfabeto, para, por exemplo, aprender a calcular o traço certo de cimento na massa e evitar o desperdício na obra. Sua auto-estima também é elevada e seu interesse em descobrir um universo de conhecimentos práticos (aplicados) e teóricos, antes desconhecido, agora é estimulado.

Claro que um programa desta envergadura necessita envolver outros agentes. As unidades de ensino dos serviços nacionais de aprendizagem (SENAI, SENAC, SENAR e SENAT); e instituições de educação profissional vinculadas aos sistemas estaduais de ensino são vitais para o êxito desta iniciativa e não podem sofrer qualquer tipo de discriminação ou preconceito. Representam o importante setor produtivo, ou seja, as indústrias, comércio, agricultura, transporte e cooperativas, que jamais poderiam ficar de fora deste projeto nacional estratégico. Nesse propósito, somente o SENAI está investindo R$ 1,5 bilhão, financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para construir 53 novas escolas e modernizar e ampliar 251 escolas já existentes.

Esse é um esforço conjunto, que ainda apresenta muitas debilidades e limitações, mas que ao médio e longo prazo pode oferecer inestimável contribuição ao país e aos trabalhadores.

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