Política e religião

A crença de que “política e religião não se misturam” perde cada vez mais adeptos. Neste momento, no Brasil, ambas estão intrinsecamente juntas e misturadas. Viu-se, por exemplo, que na inauguração do Templo de Salomão, da Igreja Universal, marcaram presença o prefeito, o governador e a presidenta da República.

A questão é onde começa e termina a ingerência de uma coisa na outra. Em nossa história, “política e religião” caminham juntas desde o “descobrimento”. A Santa Sé (Vaticano) exerceu poder político inicialmente por meio dos jesuítas e, depois, seus sucessores por séculos no Período Colonial e durante toda a escravização negra.

Nos últimos 30 anos a mesma Igreja Católica exerceu papel fundamental em nossa política com ações por meio das “Comunidades Eclesiais de Bases-CEB´S”, berço de várias lideranças sociais, essenciais no combate à ditadura militar e na redemocratização do país.

Contudo, o atual momento político é singular. Pela primeira vez na história, dos quatro presidenciáveis com melhor pontuação nas intenções de votos, dois são evangélicos. Essa presença política não é de agora, e seja na Câmara Federal, estaduais ou municipais, são cada vez mais comuns.

Com isso, temas “conflitantes” como o aborto, união homo afetiva e intolerância religiosa submergem, em função de posições marcadamente conservadoras de algumas dessas novas lideranças. É o caso do deputado Pastor Marcos Feliciano (PSC), mesmo considerando que vivemos num Estado Democrático de Direitos.

Para a democracia brasileira esse momento tem importante relevância, expondo quem realmente está no campo dos avanços democráticos e quem compõe o campo do conservadorismo.

No mesmo sentido, revela a necessidade de entender e dialogar com um Brasil pouco conhecido, por vezes esquecido e discriminado que cresce, avança e se não ressaltado com a devida atenção, pode nos levar a um fundamentalismo já vivenciado por nações que não conseguiram separar os limites entre religião e política.

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