A carta de Dilma pelos 80 anos de FHC

Curiosamente, a propaganda eleitoral do PSDB forneceu mais um exemplo de como a Presidenta Dilma entende bem o seu papel como chefe do executivo do nosso País. Por ocasião do aniversário de 80 anos de Fernando Henrique Cardoso, que foi Presidente do Brasil, aquele que passou a faixa presidencial ao Presidente Lula, um momento importante para a democracia brasileira após a ditadura militar e o conturbado Impeachment de Fernando Collor de Melo.

A mensagem é a seguinte:

“Em seus 80 anos há muitas características do senhor Fernando Henrique Cardoso a homenagear. O acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica. Mas quero aqui destacar também o democrata. O espírito do jovem que lutou pelos seus ideais, que perduram até os dias de hoje. Esse espírito, no homem público, traduziu-se na crença do diálogo como força motriz da política e foi essencial para a consolidação da democracia brasileira em seus oito anos de mandato. Fernando Henrique foi o primeiro presidente eleito desde Juscelino Kubitschek a dar posse a um sucessor oposicionista igualmente eleito. Não escondo que nos últimos anos tivemos e mantemos opiniões diferentes, mas, justamente por isso, maior é minha admiração por sua abertura ao confronto franco e respeitoso de ideias. Querido presidente, meus parabéns e um afetuoso abraço!”

Acredito que a intenção da candidatura tucana seja a de apresentar Dilma como alguém que diz uma coisa para cada momento, mas clamo a uma pequena reflexão. O que fazemos por ocasião do 80º aniversário de alguém; o que fazemos numa situação de homenagem a algum funcionário antigo numa empresa ou coisa do tipo? Dizemos tudo o que pensamos dele ou escolhemos palavras em respeito ao fato de ter chegado a tão avançada idade, procurando escolher aquilo que pode ser exemplo em sua biografia? Agora, pensemos nas atitudes do chefe do executivo de um país diante de alguém que, anteriormente, ocupara este cargo. Seria momento para farpas? Penso que não.

Fernando Henrique Cardoso representa um projeto político oposto ao que a presidente Dilma representa, mas não é verdade que ele é um democrata? Algo que está na carta é falso, porventura? Não disputamos qual projeto de país queremos? E não é isso o que se faz numa democracia?

Como vemos, esta mulher, que na juventude foi aprisionada pelo regime ditatorial, assume a presidência de um país democrático e age de acordo com esta condição. Da mesma forma, ao abrir a Assembléia da ONU, ao contrário dos interesses belicistas ali presentes, proferiu as seguintes palavras:

“Vocês acreditam que bombardear resolve o problema? Se resolvesse, eu acho que estaria tudo resolvido no Iraque. […] Não vamos esquecer o que ocorreu no Iraque. Houve uma dissolução do Estado iraquiano, uma dissolução. Hoje a gente querer simplesmente bombardear dizendo que resolve, porque o diálogo não dá, acho que não dá, porque o bombardeio não leva a consequências de paz”.

Para finalizar, digo que precisamos construir nosso país, consolidar a democracia, um regime que não é perfeito, mas em que as pessoas tem o direito de expressar suas opiniões, em que podemos colocar projetos de governo em disputa; um regime em que o presidente da república também pode ser um ex-operário nordestino, uma mulher, sinalizando para nossas crianças e jovens que as pessoas podem efetivamente serem iguais perante a lei. Mas um país é uma construção em progresso, não é algo acabado ou que podemos abandonar nas mãos de algum salvador da pátria cheio de soluções no seu bolso. O Brasil precisa da reeleição da presidente Dilma porque ele é constituído por cinco regiões, não somente pela região Sudeste, como veio sendo feito ao longo da nossa história.

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