Palavras de outra mãe

O ano nem acabou e as previsões do que eu chamaria de discípulos de Diná, referência à mãe Diná (vidente que ficou famosa por se especializar em prever catástrofe e morte de celebridades) começam a ganhar força. 

Como sempre não são nada animadoras, ano passado neste período eles previram que a reeleição da presidenta Dilma dependeria do desempenho do Brasil na copa e que, carnaval, eleições e copa do mundo num só ano nos levaria ao caos, que não teríamos à competição, estádios inacabados, recessão, inadimplência e desemprego seriam as marcas de 2014.

Passado um ano, os discípulos de Diná, aparecem novamente com previsões catastróficas. Contaminação da economia pela crise na Petrobras e ameaça de ingovernabilidade fazem parte do novo enredo. Curioso é que nos últimos tempos não me lembro de um ano em que as previsões fossem otimistas.

Verdade seja dita. O Brasil não é o mesmo, e tem mudado com uma rapidez que os mais velhos e experientes, conseguem enxergar muito bem, tiro como exemplo minha mãe, uma senhora que já passou dos 70 anos e mesmo sem nenhum estudo econômico, mas com a sabedoria de quem já viveu muito relata: “há 55 anos quando cheguei à capital, vinda do interior paulista, raríssimas pessoas de minha geração sabiam ler e escrever”. Em seguida, completa: “veio o golpe militar, nesse período ouviu-se falar muito num tal de milagre econômico que não trouxe nem distribuição de renda, muito menos educação, coisas básicas para o desenvolvimento, ao contrário, amargamos a maior inflação e desemprego que se tem notícia”.

A voz da sabedoria comemora que, nos últimos anos, filhos e netos estão se escolarizando e tendo o acesso à universidade na família como regra e não exceção. Reflete: “essa gente não sabe exatamente o que é uma crise, se tivessem a pouco mais de 50 anos catando algodão no interior, passado por golpe militar, inflação, recessão, arrocho salarial, desemprego iram ver que um 2015 difícil, ainda será um paraíso perto da dificuldade que esse país já vivenciou. Nós estamos no cainho certo”. Palavras de mãe.

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